Raramente ouvimos sobre peixes fazendo ninhos para depositarem os seus ovos, geralmente esse papel fica com as aves. No entanto, uma recente descoberta identificou uma colônia de reprodução com 60 milhões de ninhos de peixe no mar de Weddell, na Antártica. E esse achado demonstra o quão pouco conhecemos das profundezas do oceano.
Na colônia, habitavam os animais conhecidos como “peixe-gelo”, capazes de sobreviver em temperaturas extremamente baixas. Os mesmos possuem a cabeça e o sangue transparentes, na ausência de glóbulos vermelhos, e são cheios de compostos anticongelantes. Semelhante a eles, temos o bluegill, um outro tipo de peixe que também forma colônias de reprodução.
Como os pesquisadores encontraram os ninhos de peixe?
No início de 2021, alguns biólogos da Alemanha realizavam um estudo sobre as conexões químicas entre as águas superficiais e o fundo do mar na região da Antártica. Para essas análises, os pesquisadores utilizavam um dispositivo a fim de gravar vídeos do fundo do mar, acoplado a som.
Isto é, eles estavam em busca de outros assuntos o oceano numa plataforma de gelo. Por isso, quando um dos responsáveis notou expressivas quantidades de ninhos de peixes-gelo na região, foi uma surpresa para todos os presentes na embarcação.
Um dos pesquisadores, Autun Purser, contou mais sobre a experiência: “Quando desci meia hora depois e vi ninho após ninho durante as quatro horas do primeiro mergulho, pensei que estávamos diante de algo incomum”. Dessa forma, ele e seus companheiros decidiram realizar mais pesquisas no local.
Segundo essas análises posteriores, os pesquisadores encontram 60 milhões de ninhos de peixe numa extensão de 240 km2, quase o tamanho de Orlando. Ademais, cada um dos ninhos tinha, em média, 15 cm de profundidade e 75 cm de diâmetro.
Por que há tantos ninhos na região?
Infelizmente, ainda não foi possível explicar plenamente porque tantos peixes reúnem-se nessa região entre a Península Antártica e o continente principal. Porém, acredita-se que o bom acesso ao plâncton, fonte de alimento para os recém-nascidos, seja a principal explicação. Outra suposição, é que esses animais estejam sustentando as focas de Weddell, uma vez que os peixes-gelo são vítimas desses mamíferos.
Para dar continuidade às pesquisas, duas câmeras estão no fundo do mar no local da colônia. Cada uma delas permanecerá na região por anos, fotografando os peixes quatro vezes por dia.
Por fim, espera-se que as imagens forneçam mais detalhes sobre o ecossistema dos ninhos. Com isso, os pesquisadores querem descobrir por quanto tempo os adultos guardam os ovos e quais os costumes desses animais.