A Antártica, ou Antártida, é o continente mais frio, seco e ventoso no mundo. Ela contém 90% de todo o gelo na Terra, numa área que é apenas 1,3 menor que o tamanho do Brasil. Contudo, esse continente é muito mais do que apenas um grande bloco de gelo. No passado, quando fazia parte do grande continente Gondwana, a Antártica era quente e úmida, e abrigou uma fauna e flora vasta em seu solo.
O clima antártico
A Antártica é o quinto maior continente do mundo. Seu tamanho varia de acordo com as estações, pois um mar costeiro se expande e quase dobra o tamanho do continente durante o inverno. Quase toda a Antártica está coberta por gelo, com menos de 0.5% sem essa cobertura.
O continente ainda se divide em duas regiões, conhecidas como Antártica Ocidental e Antártica Oriental. A Antártica Oriental constitui dois terços do continente, e tem quase o tamanho da Austrália. O gelo nessa parte do continente tem quase 2 km de espessura.
Por sua vez, a Antártica Ocidental é um conjunto de ilhas congeladas que se estendem até o extremo sul da América do Sul, formando ali uma extensão dos Andes.
As duas regiões da Antártica se separam pelas Montanhas Transantárticas, que atravessam o continente e às vezes ficam quase completamente cobertas por gelo.
O gelo da Antártica não é liso e constante, pois passa por constantes mudanças. Geleiras atravessam o continente, quebrando o gelo, e icebergs caem ao longo da costa, onde plataformas e geleiras se desprendem no mar. Fendas com rachaduras de centenas de metros de profundidade também se encontram na região, cobertas apenas por uma camada rasa de neve.
A Antártica tem baixíssima umidade, com as regiões internas apresentando uma precipitação anual de apenas 50mm, menor que a do deserto do Saara.
A vida no mundo congelado
A vida vegetal da Antártica limita-se a um punhado de musgos, líquens e algas, mas a cobertura sazonal de musgos na Antártica cresceu constantemente nos últimos 50 anos. Os cientistas esperam que o continente frio se torne ainda mais verde nos próximos anos, a medida que as temperaturas globais continuam crescendo.
Mas ainda que haja pouca vida vegetal e ausência completa de anfíbios, répteis e mamíferos terrestres, há grande abundância de vida selvagem no continente.
Grandes populações de pinguins, baleias, peixes e invertebrados proliferam-se ao longo dos mares frios e pelas costas da Antártica, especialmente no verão.
“Você vê, de fato, um espectro completo de vida selvagem, que não veria em qualquer outro lugar do mundo”, de acordo com Chuck Kennicutt, ex-presidente do Scientific Committee on Antactic Research.
“É um local realmente lindo e inspirador. Muitas pessoas que vão até lá embaixo no início de suas carreiras se dedicam à ciência antártica pelo resto das vidas”, disse ele.
Não há povos indígenas no continente. Hoje, habitações humanas se espalham numa variedade de estações de pesquisa científica, pertencentes a mais de 20 países, incluindo a China, Rússia, Brasil, Japão, França, Alemanha e os Estados Unidos.
Cerca de 4.000 cientistas visitantes se espalham pelas 70 estações durante o verão, segundo o Norwegian Polar Institute.
Ciência no gelo
Ainda que a Antártica seja em grande parte um ponto de encontro para climatologistas, oceanógrafos e biólogos marinhos, o deserto congelado também atrai astrônomos de todas as partes do globo.
Devido ao seu clima seco e à ausência de poluição luminosa, a Antártica é um dos melhores locais da Terra para observar o espaço.
Um pequeno número de telescópios e observatórios estelares, como o South Pole Telescope e o IceCube Neutrino Observatory encontram-se no continente.
Nas últimas décadas, cientistas usando tecnologia de radar e de satélite descobriram um sistema de lagos e rios abaixo das grossas chamadas de gelo da Antártica. Estudar esses lagos subglaciais pode ajudar os cientistas a refinar predições para as próximas décadas, como mudanças a longo prazo nas camadas de gelo, segundo um comunicado de imprensa da National Science Foundation em 2016.
A região também é um ótimo local para buscar por meteoritos, pois as rochas escuras se destacam facilmente contra o plano de fundo branco. Em 2013, um grupo de cientistas japoneses e belgas encontrou um meteorito de 18 kg na Antártica Oriental.
Por fim, encontrar micróbios em algumas das regiões mais desoladas da Antártica também deu aos cientistas a esperança de encontrar vida em planetas inóspitos. Em 2014, por exemplo, cientistas identificaram micróbios antárticos capazes de se sustentar por si mesmos no ar.