Ratos podem aprender mil vezes mais rápido do que pensávamos, mostra pesquisa

Mateus Marchetto
Imagem: Jarle Eknes / Pixabay

Uma nova pesquisa de um grupo de estudantes do Caltech mostrou que ratos podem aprender até mil vezes mais rápido do que se imaginava. A equipe chegou a essa conclusão a partir de uma mudança das bases do estudo e padrões de avaliação dos ratos, como veremos aqui.

A maioria dos estudos cognitivos feitos com ratos atualmente tem como base o método escolha-forçada-de-duas-alternativas, ou 2AFC. Nessa metodologia, o animal tem duas opções, como apertar um certo botão, ou outro, ou seguir quaisquer outras duas opções.

Acontece que os ratos levam, nesse tipo de estudo, em média 10.000 tentativas para aprender quais as melhores decisões em dada situação. Além do mais, após aprenderem, os animais continuam errando em suas decisões em até 20% dos casos.

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Imagem: Karsten Paulick / Pixabay 

Contudo, a pesquisa publicada no periódico eLife pontua que este tipo de teste não faz muito sentido para o aparelho cognitivo dos ratos. Isso porque simplesmente estes animais não evoluíram para tomar decisões dessa forma.

Tendo isso em mente, então, a equipe criou um labirinto em que uma das pontas estava a gaiola dos ratinhos e na outra havia um recipiente com água. Os pesquisadores então deixaram os ratos no escuro e avaliaram a movimentação dos bichos com luz infravermelha ao longo de várias horas.

A água, então, foi considerada como a recompensa para o animal e os pesquisadores avaliaram o número de decisões de cada rato ao encontrar uma bifurcação no labirinto. Acontece que essa análise mostrou que os ratos podem aprender mil vezes mais rápido – literalmente – a encontrar a decisão correta do que em estudos 2AFC.

Ratos podem aprender tão bem quanto graduandos

Para mostrar, ademais, a capacidade de decisão dos ratinhos, a equipe de pesquisadores os comparou com estudantes de graduação dos laboratórios. Os resultados mostraram, aliás, que quando colocados em um labirinto virtual, os alunos tinham um aprendizado semelhante ao dos ratos.

Ou seja, humanos e ratos têm um número semelhante de decisões e acertos antes de encontrarem a melhor opção até uma recompensa.

A pesquisa mostra, portanto, uma perspectiva completamente nova sobre a cognição dos ratinhos. Isso porque estudos 2AFC são muito mais baseados na capacidade de tomada de decisão humana. Por exemplo, se você tivesse que apertar um botão vermelho ou um azul cada vez que recebesse um sinal, após algumas tentativas você se tornaria especialista na tarefa.

Contudo, nossos cérebros estão muito mais condicionados a esse tipo de sinalização e decisão do que o dos ratos. Assim, levando em conta uma perspectiva mais ambiental, os ratos podem aprender e tomar decisões tão bem quanto os humanos, ao menos no que faz sentido para eles.

A pesquisa está disponível no periódico eLife.

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