Connect with us

Cosmos

Quem é o dono da Lua? Os impasses éticos da posse espacial

Published

on

Ao lado de iniciativas privadas, como a recente missão de aterrissagem IM-1 da Intuitive Machines, diversas agências espaciais ao redor do mundo têm interesse na mesma região próxima ao polo sul da Lua. Lá, em crateras permanentemente sombreadas, há a possibilidade de encontrarmos gelo de água.

Até pouco tempo atrás, as discussões sobre o que deveria acontecer na Lua deixaram de ser distantes e teóricas. Contudo, isso está prestes a mudar.

Nos próximos anos, é possível que a humanidade testemunhe uma paisagem lunar antes intocada sendo transformada por bases e operações de mineração, competindo por espaço (e largura de banda) com telescópios e outras pesquisas científicas. Surge então a questão: será que devemos preservar o ambiente lunar, seja por razões científicas ou intrínsecas, e quem terá o poder de decisão nesse processo? Agora temos mais perguntas do que respostas.

Advertisement

A quem pertence a Lua?

Embora perguntar quem é o dono da Lua pareça um questionamento retórico, as questões éticas que se desdobram a partir de tentativas de apropriação do território lunar são cada vez mais relevantes tendo em vista a corrida pelos “imóveis” no único satélite terrestre natural.

Desse modo, os especialistas em ética espacial alertam para a necessidade e importância de considerar todo o contexto, sobretudo aspectos culturais que dizem respeito às crenças associadas à Lua e qual o nosso papel para protegê-la.

Brian Green, especialista em ética espacial da Universidade de Santa Clara, na Califórnia, explica ao portal Inverse que “Todas as culturas da Terra têm concepções sobre a Lua […] Existem muitos grupos na Terra que pensam sobre como a Lua deveria ser tratada. É por isso que precisamos ter uma conversa mais ampla.”

Advertisement

A Lua como símbolo

A Nação Navajo acredita que a Lua é sagrada, e eles não são os únicos a compartilhar dessa ideia, diversas culturas ao redor do mundo associam, há muito tempo, a Lua ao divino.

Para os hindus, a Lua representa o deus Chandra, ligado às plantas e à noite. Os seguidores do xintoísmo veem na Lua o deus Tsukuyomi, enquanto os inuit a associam a Alignak, um deus que governa o clima, as marés e os terremotos.

Na antiguidade, os gregos veneravam a deusa da natureza Ártemis, enquanto os egípcios cultuavam o deus Khonsu, considerado um curandeiro e protetor dos viajantes noturnos.

Advertisement

As interpretações dessas revelações revelaram muito sobre a relação das pessoas com a Lua ao longo dos séculos. Ela tem sido vista como algo puro, uma luz brilhante na escuridão, por vezes protetora ou selvagem.

A Lua como um recurso

A Lua também é um lugar. No final do século XVI, Galileu lançou seus primeiros telescópios para a Lua e fez descobertas surpreendentes: montanhas, vales e crateras. Hoje, nós conhecemos uma paisagem árida, marcada por vulcões antigos e bilhões de anos de impactos de meteoros.

Lançamos diversas naves espaciais em sua superfície, algumas por acidente e outras intencionalmente. Algumas pessoas caminharam e até dirigiram em pequenas partes dela, deixando para trás sacos de lixo e pilhas de detritos.

Advertisement

Nesse sentido, cada vez mais, governos e empresas estão mudando a maneira como veem a Lua. Não é mais apenas um objeto religioso, simbólico ou um mistério a ser desvendado. Agora, é considerado um recurso importante: uma fonte de combustível e água para futuras missões a Marte, um local para instalação de radiotelescópios ou até mesmo um ponto estratégico para ganhos geopolíticos.

Essa nova visão está levantando questões urgentes sobre se devemos manter algumas partes da Lua intocadas – e, se sim, quais partes deveriam ser preservadas. Quem tem o direito de decidir o futuro dessa paisagem lunar: aqueles que valorizam tradições e crenças, os cientistas em busca de conhecimento, os amantes da beleza natural ou as empresas com planos milionários de exploração?

Advertisement
Advertisement
Colagem de produtos em oferta

Aproveite nossas ofertas imperdíveis

Garimpamos as promoções mais quentes da internet para você economizar no que realmente vale a pena.

VER OFERTAS

Copyright © 2025 SoCientífica e a terceiros, quando indicado.