Há algumas semanas, relatamos aqui no SoCientífica como o protozoário gigante Physarum polycephalum consegue se orientar pela deformação do meio em que está. Devido a essa e outras habilidades espaciais, esse protozoário agora irá para a Estação Espacial Internacional.
O P. polycephalum, como dito, é um microrganismo gigante. Na verdade, ele tem a aparência de um bolor amarelo vibrante, e todo seu corpo – que pode ter até metros de comprimento – tem apenas uma célula. Essa célula única tem milhões de núcleos em seu citoplasma.
Acontece que o P. polycephalum virou um dos organismos favoritos dos cientistas ao redor do mundo. Isso porque, além de se orientar no espaço, o protista tem uma forma primitiva de memória e até mesmo um estado de repouso que se assemelha ao sono.
Com as centenas de ramificações da sua única célula, o protozoário gigante consegue detectar deformações em uma superfície, a partir de ondas que percorrerem seu corpo. Ademais, o organismo também pode dilatar ou contrair essas ramificações. Regiões mais dilatadas ficam, em geral, mais próximas do alimento – e daí vem a memória do P. polycephalum.
Já que esse protozoário é tão interessante, então, por que não mandá-lo para o espaço?
Assim, pesquisadores da NASA agora vão avaliar o comportamento e a “inteligência” do protozoário em microgravidade e sob a radiação do espaço. O objetivo principal do estudo, todavia, é incentivar estudantes ao redor do mundo.
Como um protozoário gigante pode incentivar a educação
Nessa pesquisa, a NASA irá contar com um grupo diferente de cientistas: alunos de escolas primárias e ensino médio dos Estados Unidos. Assim, enquanto o astronauta Thomas Pesquet vai realizar a pesquisa e registro do P. polycephalum no espaço, alunos farão o mesmo aqui na Terra.
De acordo com os responsáveis pela pesquisa, este experimento não tem necessariamente implicações diretas para a pesquisa espacial. Contudo, o objetivo é impulsionar a curiosidade e a paixão pela ciência desde cedo.
Ainda assim, o protozoário gigante com um QI acima da média deve fornecer informações sobre o efeito do espaço em organismos vivos. Junto com a missão de suprimentos que levará diversos P. polycephalum ao espaço, outras pesquisas também estarão a bordo. Uma delas busca, por exemplo, avaliar a possibilidade de utilizar solo lunar para impressão 3D.