Prédios imponentes e vivos na Arbor Kitchen: será esse o modelo arquitetônico do futuro?

Daniela Marinho
Imagem: Popular Mechanics / Stav Dimitropoulos

Dentro do Parque de Esculturas Neue Kunst am Ried, encontra-se um restaurante único que chama a atenção por sua originalidade: a Arbor Kitchen. Este “restaurante natural” é um modelo arquitetônico fruto de anos de trabalho árduo e conhecimento especializado.

A Arbor Kitchen é um exemplo impressionante de Baubotanik, um inovador método de construção que harmoniza árvores vivas com materiais de construção tradicionais. O resultado é uma estrutura que não só serve aos seus propósitos funcionais, mas também integra a natureza de forma bastante harmoniosa.

Arbor Kitchen mistura bucolismo com modernidade

No coração de um bosque na pitoresca região de Baden-Württemberg, no sudoeste da Alemanha, há um espaço de estar e jantar único. São trinta e seis elegantes e altos plátanos-londrinos que circundam várias grandes mesas de pedra com bordas irregulares, além de um forno aberto.

O telhado transparente, que lembra o casco de uma tartaruga, contribui para a atmosfera mística do local, evocando a sensação de estar em uma versão moderna de Stonehenge.

Porém, é nos detalhes que se revela a verdadeira sofisticação: as superfícies das mesas são perfeitamente planas, graças a lajes de pedra fixadas firmemente em fundações de tubos roscados.

Além disso, o telhado é construído com plástico reforçado com fibra, garantindo durabilidade e proteção sem comprometer a estética natural e encantadora do ambiente.

Algoritmos, tecnologia e arquitetura

Os arquitetos do projeto Baubotanik começaram a construir a Arbor Kitchen em 2012, com o objetivo de criar um espaço comunitário único que unisse a beleza natural e a criatividade humana. Este lugar convida os visitantes a cozinhar e jantar em meio à floresta.

Ademais, a Arbor Kitchen também funciona como uma plataforma para artistas exibirem suas obras, muitas das quais são inspiradas em temas ambientais, promovendo uma integração interessante entre arte e natureza.

Ferdinand Ludwig, Ph.D., professor de tecnologias verdes em arquitetura paisagística na Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, explicou que, com o passar do tempo, as árvores vão crescer em diâmetro, criando uma nova copa que oferecerá ainda mais sombra.

A priori, Ludwig utilizou ferramentas de digitalização 3D para prever com precisão a geometria da estrutura planejada. Scanners a laser mediram distâncias até as superfícies das árvores, enquanto softwares de fotogrametria como Agisoft Meta Shape ou Autodesk ReCap criaram modelos 3D a partir de fotos tiradas de vários ângulos.

Em seguida, aplicaram o design paramétrico, onde um algoritmo gera resultados de design com base em regras predefinidas como dimensões, materiais e relações espaciais. O computador projetou autonomamente a geometria de uma treliça 3D, eliminando a necessidade de um desenho manual.

Coexistência entre pessoas, edifícios e animais

As estruturas Baubotanik adotam uma abordagem de construção conhecida como “descoberta de forma autobiográfica”, onde as arquiteturas vivas se desenvolvem de forma dinâmica, diferentemente dos projetos estáticos feitos com aço e vidro convencionais.

Desse modo, a visão geral é que pessoas, animais e edifícios coexistam em “florestas habitáveis”, criando florestas urbanas ou cidades-florestas que possuem suas próprias memórias.

Ferdinand Ludwig, um inovador em Baubotanik e pioneiro em tecnologias verdes, acredita que esse sonho pode se tornar realidade.

Os animais que habitam o espaço (dois cavalos, dois burros, quatro ovelhas e um cachorro), todos com nomes inspirados em contos celtas ou anedotas pessoais, são muito mais que meros “acessórios” no cenário; eles simbolizam uma coabitação profunda dentro do ecossistema que estão construindo.

Espaço comunitário

Arbor Kitchen 1
Imagem: Stav Dimitropoulos

Cornelius Hackenbracht, o proprietário do parque conta que em 1996, ele e seus amigos artistas adquiriram um terreno com a visão de criar o Parque de Esculturas Neue Kunst am Ried, um espaço comunitário destinado a socializar, comer e discutir arte.

Em 1998, eles realizaram sua primeira exposição de arte. À medida que o projeto se desenvolvia, Hackenbracht percebeu que havia potencial para incorporar elementos científicos, ecológicos e de engenharia, enriquecendo ainda mais o espaço. O resultado foi um ambiente único que combina arte, natureza e inovação tecnológica, proporcionando uma experiência enriquecedora para todos os visitantes.

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