Ainda que o Brasil não registre terremotos de alta magnitude, há registros de pequenos tremores de terra no território brasileiro. E, segundo os registros históricos, o país passou por situações consideradas graves, nas quais foram mencionados terremotos de mais de seis graus na escala Richter.
Esses eventos podem ter diversas origens, como atividades vulcânicas, localização de placas tectônicas e falhas geológicas. No contexto do Brasil, as falhas geológicas são os casos mais recorrentes. Esse tipo de manifestação é mais comum na região Nordeste do país, onde há uma movimentação intensa no interior da Terra, resultando em alterações na superfície.
“O Nordeste é a região mais vulnerável. Em estados como o Ceará e Rio Grande do Norte já ocorreram diversos tremores com magnitude 5 causando danos e até desabamentos em casas fracas”, afirma Marcelo Assumpção, professor da Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Geofísica pela Universidade de Edimburgo, na Escócia.
No entanto, o Brasil não sofre com grandes terremotos. Mas como isso pode ser possível se o país é vizinho do Chile, que registrou o maior terremoto do mundo, ocorrido em 1960 e de magnitude 9.5? A geografia explica.
Brasil não tem grandes terremotos por isso
Nem todos os tremores de terra são sentidos pela população ou provocam destruição, como aqueles que abalaram a Turquia, a Síria e o Marrocos em setembro de 2023. Muitos sismos ocorrem sem causar grandes impactos, especialmente no Brasil, onde as atividades sísmicas geralmente são de baixa magnitude.
Uma verificação no site do Centro de Sismologia da USP, que realiza o monitoramento dos tremores no país, revela que, poucos dias antes do feriado da Independência, o Brasil já havia registrado alguns abalos. No dia 4 de setembro de 2023, por exemplo, a cidade de Uauá, na Bahia, foi palco de dois pequenos terremotos nas primeiras horas da manhã, com magnitudes de 2,2 e 2,3 na escala Richter.
Apesar desses eventos, o risco de grandes terremotos no Brasil é extremamente reduzido. Isso deve à posição geográfica do país em relação às bordas das placas tectônicas. Terremotos de maior magnitude costumam acontecer em áreas onde essas placas se encontram e deslizam umas sobre as outras, gerando grande atrito.
“Os sismos mais intensos ocorrem nas bordas das placas tectônicas. O Chile, por exemplo, está localizado no limite entre a placa oceânica de Nazca e a placa da América do Sul, o que o torna mais suscetível a fortes tremores. O Brasil, por sua vez, encontra-se no centro da placa Sul-Americana, bem distante dessas bordas”, esclarece a especialista Assumpção.
Para ilustrar a diferença de atividade sísmica entre os países, o pesquisador acrescenta: “Enquanto no Brasil ocorre um terremoto de magnitude 5 a cada cinco anos, no Chile, tremores dessa intensidade ocorrem semanalmente.”
Histórico de terremotos no Brasil
Ao longo da história, o Brasil já registrou diversos tremores de terra, variando em intensidade. Entre os mais fortes:
- 1955 (Mato Grosso) : Tremor de 6,6 graus, sem danos devido à área pouco habitada.
- 1955 (Espírito Santo) : Abalo de 6,3 graus em Vitória, sem vítimas ou grandes danos.
- 1980 (Ceará) : Tremor de 5,2 graus sentido na região de Fortaleza.
- 1986 (Rio Grande do Norte) : João Câmara sofreu abalo de 5,1 graus, com danos às residências.
- 2007 (Acre/Amazonas) : Tremor de 6,1 graus sem danos significativos.
- 2007 (Minas Gerais) : Itacarambi teve um tremor de 4,9 graus, causando uma morte e feridos.
- 2008 (Vários estados) : Tremor de 5,2 graus sentido em SP, RS, SC, PR e RJ, sem estragos.
- 2020 (Bahia) : Tremor de 4,6 graus no Vale do Jiquiriçá, sem danos graves.
Esses eventos demonstram a presença de atividade sísmica no Brasil, embora em menor escala.