Em 2016, o ornitólogo Steven Emslie fez uma descoberta inesperada enquanto explorava ao longo da costa do Mar de Ross da Antártida. Emslie tropeçou com cadáveres do que pareciam ser pinguins mortos recentemente ao lado de restos mumificados mais velhos.
Ele disse à imprensa que nunca viu um local como este em todos os anos de pesquisas pela Antártida.
Primeiramente, ele estava estudando colônias de pinguins na Antártida.
Quando ouviu um boato sobre manchas de guano (fezes de aves marinhas) encontradas em um afloramento rochoso perto da costa, ele ficou intrigado.
Nem os primeiros exploradores da Antártica registraram alguma colônia ativa por lá.
Por curiosidade, Emslie foi investigar.
Pinguins mumificados na Antártida
Nesse espaço de tempo, o ornitólogo chegou ao suposto local e encontrou pedras sobre pedras espalhadas pelo chão.
Ainda mais, ele encontrou também as manchas brancas referentes ao guano no gelo.
De repente, foram encontrados os cadáveres.
Os corpos eram de pinguins-de-Adélia, uma espécie que vive ao longo da costa da Antártida e usa seixos para construir ninhos.
Sob o mesmo ponto de vista, a maioria dos cadáveres eram de filhotes. Realmente, eles têm poucas chances de sobreviver até a idade adulta.
Nesse sentido, alguns dos restos pareciam ser de pinguins mortos recentemente.
Logo, as penas e a carne de alguns ainda estavam intactas, enquanto outros estavam velhos e mumificados.
Então, ele escavou alguns dos restos mortais e os levou ao seu laboratório para uma análise de radiocarbono.
Dessa forma, seria possível determinar a idade real dos corpos.
Congelados no tempo
Do mesmo modo, a amostra foi coletada usando métodos parecidos aos dos arqueólogos.
No geral, Emslie recuperou uma mistura de restos de pinguins antigos e os que pareciam ser recentes resgatando tecidos preservados de osso, pena e casca de ovo de pinguim.
Depois, a análise descobriu que alguns dos restos mortais tinham quase 800 anos e outros tinham até 5.000 anos.
De fato Emslie também percebeu que os corpos não eram realmente novos e foram congelados no tempo.
Portanto, foram bem preservados sob camadas de gelo, disse ele ao New York Times.
Devido ao clima quente, o gelo que preservava os pinguins mumificados derreteu e revelou esta nova, porém antiga colônia.
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Em setembro, Emslie publicou suas descobertas na revista Geology.
O jornal The Independent relatou que sua análise revelou três ondas de ocupação de pinguins neste local.
A primeira onda foi de 2.750 a 5.145 anos atrás. A segunda foi de 1.375 a 2.340 anos atrás e a última de 800 a 1.100 anos atrás, mas o que eliminou esta última colônia?
Mudanças climáticas
Emslie especula que os pinguins abandonaram sua colônia em 1.300 durante o início da Pequena Idade do Gelo.
A partir daí, o acesso dos pinguins ao oceano ficou bloqueado por neve e gelo na Antártida.
Essa seria a melhor explicação para a confusão de restos de pinguins de diferentes idades encontrados pela Antártida, diz ele no comunicado à imprensa.
Por fim, o aumento das temperaturas e o derretimento do gelo podem revelar mais pistas do passado da Antártica no futuro.
Como disse Emslie ao New York Times, o registro dinâmico da ocupação e abandono dos pinguins ao longo de milênios fica registrado junto as mudanças climáticas da Antártida.
Informações da Smithsonian Magazine.