O derretimento do gelo está respondendo às previsões mais pessimistas

Felipe Miranda
(Créditos da imagem: Pixabay).

Muitas vezes as pessoas dizem que os cientistas são pessimistas. Entretanto, muitas vezes eles precisam ser, na verdade. Por exemplo, agora, o derretimento do gelo está respondendo às previsões mais pessimistas.

O perigo maior não é nem em relação aos icebergs e camadas de gelo que flutuam nos mares. Embora esse ponto também seja negativo, por tirar a moradia de muitos animais, além de consequências ambientais sérias.

Entretanto, o principal risco é com relação ao gelo acima de continentes e grandes porções de terra. Com grande destaque para a Groenlândia, e a Antártica, um continente literalmente coberto por gelo. Além disso, suficiente para elevar o nível médio do mar em 65 metros.

Sem falar, é claro, nos problemas causados pela exposição do permafrost. O permafrost é o solo congelado, que possui grandes concentrações de carbono. Se liberados na atmosfera, amplificaram ainda mais o efeito estufa.

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Certa vez, no contexto de outra notícia, o diretor do Centro de Observação Polar e Modelagem da Universidade de Leeds, Andy Shepherd, explicou ao The Guardian que para cada centímetro de elevação no nível do mar, um milhão de pessoas são desalojadas. 

Esse foi um comentário de um estudo publicado em agosto de 2020 que diz que somente entre 1994 e 2017, 28 trilhões de toneladas de gelo derreteram em todo o planeta (SLATER, T. et al).

Previsões infelizmente corretas para o derretimento do gelo

Geralmente os cientistas ficam felizes quando a realidade atende às previsões teóricas. No entanto, isso é bom somente quando não são previsões ruins como essa.

Um estudo publicado no último dia de agosto na revista Nature Climate Change diz que a perda de gelo entre 2007 e 2017 condiz perfeitamente com as mais pessimistas previsões da ciência

O IPCC, sigla em inglês para Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas, diz que até 2100, o derretimento de gelo ocasionará em um aumento de 40 centímetros no nível médio dos oceanos somente pela Groenlândia e Antártica.

Se considerarmos todas as fontes de derretimento de gelo possíveis, as projeções preveem um aumento de até 70 centímetros, nesse mesmo período, também de acordo com o IPCC.

“Precisamos chegar a um novo cenário de pior caso para os mantos de gelo, porque eles já estão derretendo a uma taxa em linha com o nosso atual”, diz o autor, Dr. Thomas Slater à AFP, publicado pelo Science Alert.

“Embora tivéssemos previsto que as camadas de gelo perderiam quantidades crescentes de gelo em resposta ao aquecimento dos oceanos e da atmosfera, a taxa em que estão derretendo acelerou mais rápido do que poderíamos ter imaginado” diz Dr. Slater em um comunicado.

Elevação de gastos

Um exemplo de país afetado pelo derretimento do gelo a Holanda, também chamada de Países Baixos. Seu nome, portanto, já demonstra o motivo. O país possui uma altitude baixíssima, e diversas áreas estão abaixo no nível do mar. 

Além disso, estima-se que os gastos com infraestrutura e defesas para evitar danos por inundações nesses países mais afetados sofreriam um aumento. Pelo menos 70 bilhões de dólares ao ano a mais. 

O estudo foi publicado no periódico Nature Climate Change. Com informações de Science Alert e University of Leeds

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