A vassoura de bruxa é uma doença vegetal que acontece por ação de um parasita bacteriano. Estes parasitas impedem a planta de se desenvolver e reproduzir, transformando-as em “zumbis” permanentemente adolescentes. Agora pesquisadores descobriram os mecanismos moleculares por trás deste processo bizarro.
Phytoplasma (ou fitoplasma) é um grupo de bactérias estritamente parasitas que causam a citada vassoura de bruxa. Todos os anos, este tipo de parasita causa danos imensuráveis a cultivos de cenouras, alfaces e cereais de forma geral. Tentando encontrar uma forma de prevenir a doença, então, uma equipe de pesquisadores descobriu uma proteína-chave destas bactérias.
A proteína efetora SAP05 é produzida pelos fitoplasmas e, de acordo com a pesquisa, evita a maturação da planta. Por consequência à infecção, as plantas não conseguem passar de uma fase juvenil, e acabam produzindo flores deficientes e frutos sem sementes.
Contudo, a equipe de pesquisadores modificou geneticamente alguns espécimes da planta Arabidopsis thaliana, uma pequena produtora de flores. A modificação fez com que estas plantas tivessem certas proteínas que bloqueassem a ação da SAP05.
Como publicado no periódico The Cell, as plantas geneticamente modificadas não desenvolviam a vassoura de bruxa, mesmo que infectadas pelos fitoplasmas. Ou seja, uma pequena alteração genética as tornou imunes ao parasita.
A equipe acredita, portanto, que a mesma técnica possa, em certo ponto, ser aplicada a plantações em larga escala para prevenir a ação do parasita.
Um parasita, dois hospedeiros. Entenda a relação
Além das plantas, os fitoplasmas necessitam de um segundo hospedeiro para completar seu ciclo de vida. Acontece que diversos insetos se alimentam da seiva e dos líquidos das plantas susceptíveis à doença. Diversos desses insetos, portanto, carregam também os fitoplasmas – apesar de não ficarem presos a vida toda na adolescência.
Ou seja, uma planta com a doença vai utilizar toda sua energia para se manter na fase juvenil, por conta da ação do parasita. Por isso, inclusive, as plantas infectadas vivem por mais tempo do que as não infectadas.
Por conseguinte, um inseto irá se alimentar daquela planta infectada, carregando o parasita para dentro de si. Após se alimentar ali, o inseto então irá se alimentar posteriormente de centenas ou dezenas de outras plantas, espalhando o parasita para todas e reiniciando o ciclo em diversos outros lugares.
Primeiramente, então, o fitoplasma redireciona as reservas de energia da planta para os seus próprios objetivos. Vale ressaltar que a planta infectada não chegará à fase reprodutiva, não deixará seus genes para uma próxima geração e, evolutivamente, terá menos sucesso. O parasita, por outro lado se beneficia com essa relação de perde-ganha.
Além do mais, a pesquisa identificou uma relação entre o tempo de infecção e desenvolvimento da doença pela planta e o tempo de incubação dos ovos de insetos que se alimentam delas. Não por acaso, os 10 dias que os ovos levam para eclodir são mais ou menos o tempo que a planta leva para desenvolver a doença (e poder transmitir o fitoplasma para os artrópodes).