Os arquivos secretos do Vaticano realmente escondem segredos da humanidade?

Rafael D'avila

Com certeza você já ouviu boatos que os arquivos secretos do Vaticano guardam grandes segredos da humanidade, além de mapas e tesouros escondidos em cofres. Os arquivos trazem informações realistas, mas que não deixam de ser instigantes.

Os arquivos secretos do Vaticano deixam qualquer pesquisador de olhos brilhando, pois possuem documentos, artigos e informações de personalidades famosas, como Abraham Lincoln. Além disso, há escrituras de Mary Queen of Scots e bulas papais excomungando Martinho Lutero.

A verdade, entretanto, é sombria: nesses arquivos pode haver documentos que provam a ligação da Igreja com o terror propagado pelo Estado de Mussolini. Inclusive, provavelmente existem registros da ‘cumplicidade’ entre o Vaticano e as atrocidades de Hitler.

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Imagem: Divulgação/Viagem Itália

Os arquivos secretos do Vaticano são compostos por registros históricos e cartas particulares de papas dos últimos quatro séculos, começando por Paulo V. A partir de 1881, o Vaticano permitiu que pesquisadores acessem os documentos, mas a burocracia em torno dessa ‘liberação’ é tão grande, que muitos desistem.

Documentos valiosos que fazem parte dos arquivos secretos do Vaticano

O pesquisador deve provar ser um profissional sério, e toda credencial concedida precisa ser renovada a cada seis meses, ou perderá sua validade. Para ter acesso aos arquivos secretos do Vaticano, “os estudiosos entram pela  Porta Sant’Anna , passam pela Guarda Suíça, caminham pela  Cortile del Belvedere e apresentam credenciais” (O’Loughlin, 2014). Dentre todas as relíquias presentes dentro deste grande acervo, há verdadeiras joias históricas, como:

  • Carta de Michelângelo para o papa Júlio II;
  • O pergaminho de 60 metros de comprimento contendo as atas dos julgamentos dos Cavaleiros Templários, que durou vários anos, começando em 1307;
  • Notas relacionadas ao julgamento contra Galileu, de 1633;
  • Uma carta ao Papa Sisto V de Maria, Rainha dos Escoceses, implorando à Igreja que interviesse pouco antes de sua execução;
  • A Inter caetera, emitida pelo Papa Alexandre VI e responsável por dividir o mundo entre portugueses e espanhóis, em 1493, dentre muitos outros.
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Imagem: Filippo Monteforte/AFP

Em 2012, para comemorar o 400º aniversário dos arquivos secretos do Vaticano, 100 documentos foram liberados ao público em uma exposição intitulada de ‘Lux In Arcana’. Todavia, ainda continua a tradição de que apenas 1.000 acadêmicos, a cada ano, podem acessar os arquivos pessoalmente.

Papa Francisco, em 2019, alterou o nome de ‘Arquivos Secretos do Vaticano’ para ‘Arquivos Apostólicos do Vaticano’. Desse modo, “em latim tanto secretum (que significa separado, privado) e apostolicum (isto é, pertencentes ao domnus apostolicus, que é apenas o Papa) referem-se à mesma realidade, a mesma jurídica”, concluiu.

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