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“Nunca vimos algo parecido”: cientistas observam tornados no centro da Via Láctea

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Astrônomos recentemente capturaram imagens de “tornados espaciais” girando próximo ao buraco negro supermassivo no centro da nossa galáxia, a Via Láctea. Estas observações, feitas com o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) no Chile, revelaram detalhes sem precedentes dessas estruturas giratórias.

De acordo com o estudo publicado na revista Astronomy & Astrophysics, as novas observações são 100 vezes mais nítidas que as visualizações anteriores. Isso permitiu aos cientistas examinar estruturas antes invisíveis nestas tempestades cósmicas.

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Zona molecular central: um turbilhão cósmico

A equipe direcionou o ALMA para uma região conhecida como zona molecular central (CMZ), que circunda o buraco negro supermassivo no núcleo da nossa galáxia. Esta área é repleta de nuvens turbulentas de poeira e gás, e os pesquisadores buscavam entender o mecanismo que impulsiona o movimento incessante dessas nuvens.

Usando o ALMA para rastrear certos compostos moleculares — como o monóxido de silício, que é particularmente eficaz em revelar ondas de choque — dentro do turbilhão, a equipe conseguiu detectar detalhes até então desconhecidos nas tempestades de poeira cósmica, incluindo um novo tipo de filamento longo e estreito.

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Um mapa de rádio da área central da Via Láctea obtido pelo telescópio MeerKAT, destacando em caixas vermelhas as estruturas filamentares inéditas detectadas pelo telescópio ALMA. Imagem: Yang et al., 2025, CC BY 4.0

“Diferentemente de quaisquer objetos que conhecemos, esses filamentos realmente nos surpreenderam”, disse Kai Yang, astrônomo da Universidade Jiao Tong de Xangai e autor principal do estudo. Estes filamentos parecem se mover rapidamente e em direção contrária às estruturas ao seu redor.

Tornados que distribuem moléculas complexas

Os pesquisadores descrevem esses filamentos como tornados espaciais. “São correntes violentas de gás, que se dissipam rapidamente e distribuem materiais no ambiente de forma eficiente”, explicaram os autores.

As observações da equipe sugerem que, além de emitir óxido de silício, esses redemoinhos podem dispersar moléculas orgânicas complexas — como metanol, cianeto de metila e cianoacetileno — por toda a CMZ e além.

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“A alta resolução angular e a sensibilidade extraordinária do ALMA foram essenciais para detectar estas emissões de linhas moleculares associadas aos filamentos delgados, e para confirmar que não há associações entre estas estruturas com emissões de poeira”, disse Yichen Zhang, astrofísico da Universidade Jiao Tong de Xangai e coautor do estudo.

Observações adicionais com o ALMA ajudarão os pesquisadores a determinar quão difundidos estão esses filamentos delgados dentro da CMZ e como eles contribuem para o ciclo molecular na região.

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