Na última sexta-feira (23), relatamos que a NASA anunciaria uma novidade importante sobre a Lua, utilizando dados de SOFIA, um observatório astronômico instalado em um avião. Hoje, segunda-feira (26), 13h no horário de Brasília, a NASA, então, anunciou em uma teleconferência a descoberta de moléculas de água na superfície da Lua.
SOFIA detectou a água na Cratera Clavius. Trata-se de uma cratera localizada no hemisfério sul da Lua, e é uma das maiores crateras visíveis da Terra. As moléculas de água entram na fase líquida, no entanto, apenas nas regiões diretamente iluminadas pelo Sol.
Anteriormente, outras observações identificaram a presença de moléculas com hidrogênio no estado líquido. No entanto, os dados não distinguiram a água (H2O), da hidroxila (OH), molecularmente próxima da água. Em outras palavras, os cientistas não sabiam se aquilo era água líquida ou hidroxila líquida.
No total, os cientistas localizaram de 100 a 412 partes por milhão por metro cúbico na região da cratera. Isso equivale a aproximadamente 340 gramas, ou 340ml (no caso da água, por ter a densidade de praticamente exatos 1 g/ml). Isso quer dizer que para cada área com o tamanho de uma mini piscina de mil litros, há um copo de refrigerante de água. Embora pareça pouco, é uma quantidade realmente considerável de água.
Os cientistas publicaram hoje, em acesso aberto, um estudo na revista Nature Astronomy onde descrevem a descoberta.
Água líquida na superfície da Lua?
“Tivemos indicações de que H2O – a água familiar que conhecemos – pode estar presente no lado iluminado da Lua”, disse em um comunicado Paul Hertz, diretor da Divisão de Astrofísica na sede da NASA. “Agora sabemos que está lá. Esta descoberta desafia nossa compreensão da superfície lunar e levanta questões intrigantes sobre recursos relevantes para a exploração do espaço profundo”.
Já imaginava-se a existência de água líquida em crateras da Lua. No entanto, uma hipótese difícil de se confirmar, já que pela falta de atmosfera, a água líquida facilmente evaporaria. Mas agora os cientistas enfim provaram. As crateras conseguiram criar as condições necessárias para a manutenção da água líquida por lá.
A importância de se localizar água na Lua é para futuras missões espaciais. Já falamos dezenas de vezes sobre a missão Artemis, da NASA, que visa levar o ser humano para a Lua em 2024. Ir para a Lua é importante para utilizá-la como um porto espacial para o resto do sistema solar e, futuramente, levar o ser humano para Marte.
A utilidade da água na Lua está na fabricação de combustível, na sintetização de oxigênio para a respiração, além do próprio consumo para os humanos e no cultivo de alimentos, permitindo assim, missões de longo prazo. Sair da atmosfera da Terra é muito custoso, em termos de quantidade de combustível. Por isso a Lua seria uma ótima base – oferece uma resistência quase nula para decolagens.
Deserto?
O ser humano sempre sonhou com a Lua, essa coisa linda e inalcançável ao nosso lado. Mas quando a Lua tornou-se alcançável, chegou a desilusão. Quando os astronautas pisaram na Lua pela primeira vez, em 1969, durante a corrida espacial, então, voltaram para a Terra pensando que o satélite natural fosse um completo deserto.
E, na verdade, é quase um completo deserto. Atualmente, a Lua já está bastante morta, em comparação às luas de Júpiter e Saturno, tão complexas quanto a Terra. No entanto, a Lua não é tão morta, de acordo com estudos recentes.
“Antes das observações do SOFIA, sabíamos que havia algum tipo de hidratação. Mas não sabíamos quanto, se é que havia, eram moléculas de água – como bebemos todos os dias – ou algo mais parecido com limpador de ralos” diz Casey Honniball, autora principal do estudo.
“A água é um recurso valioso, tanto para fins científicos quanto para uso de nossos exploradores”, disse Jacob Bleacher. “Se pudermos usar os recursos da Lua, poderemos carregar menos água e mais equipamentos para ajudar a possibilitar novas descobertas científicas”
O estudo foi publicado no periódico Nature Astronomy. Com informações de NASA.