Imagine um oceano que cobre metade do planeta. Esse oceano prosperou por milhares e milhares de anos, até começou a encolher e finalmente desapareceu. Nem Pacífico, nem Atlântico, esse oceano existiu em terras distantes do nosso planeta, em Marte. E o mais intrigante é o destino de toda essa abundância de água. Minerais subterrâneos podem estar abrigando um pequeno oceano.
Boa parte do oceano primitivo de Marte pode ter simplesmente evaporado. Como a atmosfera do planeta é praticamente inexistente em relação à nossa, os átomos de hidrogênio e oxigênio simplesmente se espalharam pelo sistema solar. Mas pesquisadores acreditam que a maior parte dessa água ainda pode estar no subsolo do planeta vermelho.
Há mais ou menos 3,5 bilhões de anos, quando a vida na Terra ainda estava restrita a microrganismos, Marte provavelmente já havia perdido seu precioso oceano. Atualmente, a maior parte da água de Marte está congelada nas calotas polares ou no subsolo do planeta.
De acordo com cálculos anteriores, no entanto, a água não teria tempo de desaparecer assim apenas evaporando para o espaço. Portanto, cientistas podem ter encontrado a explicação para esse fenômeno em minerais hidratados na crosta do planeta.
Acontece que a quantidade de água presente na crosta, na forma desses minerais, pode ser muito maior do que se estimava. Usando dados de sondas marcianas, como a Curiosity e Perseverance, pesquisadores do CalTech, puderam concluir que boa parte do oceano global de Marte deve ter acabado sugado para o interior do planeta, formando minerais hidratados como argila e lamito.
Como tirar a água desses minerais
De acordo com o estudo, até 99% do oceano do Marte poderia ter ido parar na crosta do planeta, caso as águas fosse rasas. Se esses dados se confirmarem nos próximos anos, o planeta vermelho pode ter água mais que suficiente para abrigar alguns colonos da espécie humana. Contudo, ainda não há nenhuma solução viável para tornar essa água disponível.
No entanto, o estudo pode fornecer uma compreensão extra sobre os ciclos hídricos dos planetas do nosso sistema solar. Na Terra, por exemplo, a água também pode virar esses minerais da mesma forma que ocorreu em Marte. Todavia, essa água acaba voltando para os mares e rios posteriormente.
Em geral, os resultados têm um papel essencial na compreensão do passado de Marte, mas ainda é difícil dizer quando esses dados serão realmente úteis para viagens ao planeta e para a sustentabilidade dentro dele.
O artigo está disponível na revista Science.