Organismos unicelulares e mesmo nossas células têm funções parecidas com a que um organismo multicelular exerce. Células, por exemplo, precisam respirar, excretar e absorver nutrientes, além de se movimentarem. Nesse sentido, pesquisadores descobriram que um protozoário usa um computador biológico para se movimentar.
Ben Larson, pesquisador da Universidade da California em São Francisco observou protozoários estranhos devorando suas culturas de células em outras pesquisas. Assim, com a ajuda do especialista em microrganismos Wallace Marshall, os pesquisadores identificaram o protozoário como sendo da espécie Euplotes patella.
Todavia, o mais curiosos é que o micróbio intruso conseguia se movimentar em superfícies de forma bastante complexa. Os protistas possuíam estruturas parecidas com pernas que utilizavam para ir para lá e para cá.
Após uma nova pesquisa, desta vez especialmente com os E. patella, os mesmos pesquisadores descobriram uma estrutura inusitada. Utilizando microtúbulos, os protozoários conseguem se movimentar em superfícies, além de tomar decisões sobre a melhor direção para se ir. As “pernas” na verdades são cirros, pequenas extensões da membrana semelhantes a tentáculos.
Esses cirros, então, são controlados pelos microtúbulos. Estes últimos são estruturas fibrosas do citoplasma, essenciais para a movimentação, morfologia e reprodução de uma célula. Naturalmente, por conseguinte, estes microrganismos vivem em ambientes aquáticos, mas podem se aventurar em superfícies mais secas. Agora, portanto, um mecanismo importante dessa liberdade acabou desvendado.
Um computador biológico, uma junção de algoritmos e bioquímica
A pesquisa deve ainda, como deve ser, passar por uma etapa de revisão antes da sua publicação. A prévia do estudo, portanto, está disponível no periódico BioRxiv. Todavia, pesquisadores afirmam que as descobertas são promissoras, principalmente pela integração da mecânica e da biologia celular.
Acontece que a movimentação do protozoário funciona como um pequeno e simples algoritmo dentro do computador biológico. Assim, quando o microrganismo detecta sinais moleculares, como pequenas moléculas no ambiente, há uma sinalização para que a célula vá em determinada direção ou não. Isso permite, portando, uma grande vantagem evolutiva sobre organismos que não tenham sistemas de movimentação tão eficientes.
Ainda assim, a forma exata como essa sinalização acontece ainda não foi descoberta.
A partir das imagens de 13 protozoários da espécie, os pesquisadores definiram os movimentos e os padrões de cada um dos cirros. Isso permitiu aos autores formar um padrão de funcionamento do computador biológico mecânico dos E. patella.
Vale ressaltar, aliás, que protozoários não têm sistema nervoso, ou qualquer coisa do tipo. Isso porque o próprio sistema nervoso como conhecemos é um conjunto de centenas de células diferentes. Protozoários, mais uma vez, são unicelulares.
A prévia da pesquisa está disponível no periódico BioRxiv.