A água não é apenas um recurso vital para o ser humano no sentido de consumo, mas é também indispensável em diversos processos, como na indústria, construção civil, geração de energia, tratamento de resíduos, navegação, recreação, turismo, meio ambiente e mais. Um dos usos bastante expressivos da água é com relação à agricultura, uma vez que ela é utilizada na irrigação de culturas e abastecimento de animais.
Nesse sentido, a agricultura é responsável por 70% da exploração de água doce em todo o mundo, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Isso significa que é mais do que urgente que métodos de cultivo que reduzam a utilização de água na produção de comida – e consequentemente gerem menos impacto ambiental – sejam desenvolvidos, como a hidroponia.
Hidroponia é novo método de cultivo que consome apenas 1% da água utilizada na agricultura
Na hidroponia, as plantas são cultivadas em soluções nutritivas, diretamente em água enriquecida com nutrientes essenciais para o seu crescimento. Esse sistema permite um controle mais preciso sobre os fatores ambientais, como nutrientes, pH e oxigênio, proporcionando um ambiente ideal para o desenvolvimento das plantas.
Existem diferentes sistemas hidropônicos, mas todos compartilham o princípio básico de fornecer nutrientes diretamente às raízes das plantas, eliminando a necessidade de solo.
Desse modo, Ari Rocha, co-fundador e CEO da Verdureira, companhia especializada na produção e venda de saladas prontas que utiliza a hidroponia como método de cultivo para as hortaliças da empresa, explicou que no Brasil existem duas principais variantes do método: NFT (Nutrient Film Technique, ou Técnica de Fluxo Laminar Nutritivo) e DWC (Deep Water Culture, ou Cultura em Água Profunda).
Técnicas sustentáveis para economia de água no cultivo de alimentos
No caso da NFT, a solução nutritiva percorre o interior de perfis nos quais as mudas são posicionadas. Esses canais de nutrição atravessam, nutrindo as raízes das plantas, que crescem até alcançar o ponto de colheita.
Já no modelo DWC, também conhecido como ‘floating’, extensas piscinas são preenchidas pela solução nutritiva, e as plantas flutuam em placas perfuradas sobre a superfície; em outras palavras, é como se as mudas estivessem assentadas nas piscinas.
Rocha lembra que a empresa foi a primeira a utilizar o modelo ‘floating’ em escala industrial no Brasil: “Quando começamos, até então, nenhuma outra empresa utilizava esse método de produção”.
Dessa forma, para conseguir realizar o feito, foi necessário desenvolver de forma muito inicial todos os maquinários e outras ferramentas tecnológicas necessárias.
Diferenciais do ‘floating’
A técnica de ‘floating’ se destaca por exigir investimentos e recursos mais modestos, incluindo nutrientes, fertilizantes e água, em comparação com o sistema de Filme Nutritivo (NFT). Rocha explica que, devido à semelhança do ambiente criado com o solo, algumas hortaliças apresentam um desenvolvimento mais robusto e crescimento aprimorado.
Estudos indicam que esse método de produção consome apenas 1% da quantidade de água utilizada nas plantações convencionais, ao passo que a sua produtividade é estimada em quatro a cinco vezes superior. Essa abordagem, além de eficiente, contribui para a sustentabilidade ao otimizar o uso de recursos e maximizar o rendimento das culturas.
Uso mais eficiente da água e maior produtividade
Na agricultura que conhecemos, a irrigação resulta em consideráveis perdas. Em contrapartida, na hidroponia, a solução nutritiva permanece contida, evitando desperdícios.
Um aspecto fundamental reside na possibilidade de reutilização contínua da solução nutritiva, contribuindo para a sustentabilidade do processo. Ademais, a produtividade na hidroponia pode atingir até 12,5 vezes mais em comparação com o cultivo tradicional.
“No solo, há sempre a necessidade de preparar o ambiente para o plantio de uma nova safra. Já na hidroponia, basta remover uma placa, realizar a colheita, substituir por outra placa, e assim sucessivamente. Isso nos permite realizar um número significativamente maior de colheitas”, relata o CEO.