Mensagem que Carl Sagan fez para primeiros humanos em Marte está no planeta há 16 anos

Daniela Marinho
Imagem: Canva

Carl Sagan (1934–1996) foi um renomado astrônomo, cosmólogo, astrofísico, escritor e divulgador científico. Considerado como um dos cientistas mais influentes do século XX, Sagan desempenhou papéis importantes no campo da exploração espacial, especialmente nas missões Voyager, que exploraram os planetas exteriores do nosso sistema solar.

Além de suas contribuições acadêmicas, Sagan escreveu vários livros populares de ciência, incluindo “Cosmos“, que se tornou uma série de televisão de sucesso, e “Contato”, que posteriormente foi adaptado para um filme. Seu trabalho influenciou gerações de cientistas e entusiastas da ciência, deixando um legado duradouro na comunidade científica e no público em geral.

Sagan também é conhecido por seu trabalho na área da exobiologia, explorando a possibilidade de vida em outros planetas e estrelas. Fascinado pela aventura no espaço, o cientista sempre defendeu a ideia de enviar astronautas até Marte. Uma mensagem feita por ele pouco antes de sua morte [20 de dezembro] foi enviada para o planeta vermelho em 2008 e está lá desde então.

Sagan preparou uma mensagem emocionante

Do seu escritório em Ithaca, Nova York, próximo à Universidade de Cornell, o cientista estadunidense registrou algumas palavras impregnadas de emoção e nostalgia. “Aqui é Carl Sagan (…) Talvez você possa ouvir, aqui ao fundo, uma cachoeira de 60 metros, o que provavelmente – eu acho – é uma raridade em Marte“, proferiu ele em sua mensagem.

Reconhecido por seu fervoroso apoio à exploração marciana e por ser um dos fundadores da Sociedade Planetária, Sagan não apenas considerava Marte como um destino, mas como uma extensão do reino científico, um espelho para contemplar a história de nosso próprio planeta.

Seu entusiasmo transborda em cada palavra da mensagem, manifestando sua visão da interação entre a ciência e a ficção científica, um ciclo de inspiração mútua que impulsionou nosso fascínio e nossa capacidade de alcançar o planeta vermelho.

“A ciência e a ficção científica dançaram uma espécie de dança no último século, especialmente com relação a Marte”: Sagan compartilha como essa simbiose foi crucial para seu próprio desenvolvimento científico e para o de muitos outros, incluindo Robert Goddard, o pioneiro dos foguetes modernos.

Essa gravação de Sagan foi transportada para Marte a bordo do módulo de aterrissagem Phoenix, da NASA, aportando em 25 de maio de 2008. Ela está preservada em um mini DVD que, espera-se, permanecerá no planeta vermelho por milênios.

Marte pode ser a nossa segunda casa; e Sagan já considerava isso

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Imagem: Reprodução / Revista Galileu

Em uma passagem de sua mensagem, Sagan mergulha em uma reflexão especulativa sobre os diversos motivos que poderiam suscitar a humanidade a embarcar rumo a Marte, traçando uma linha que conecta desde a gestão potencial de ameaças advindas de asteroides até a necessidade premente de expandir nossas fronteiras como uma salvaguarda contra possíveis cataclismos planetários.

“Eu não sei por que você está em Marte”, pondera ele, lançando uma ampla gama de possibilidades tanto científicas quanto existenciais, antes de expressar seu deleite diante da presença humana no planeta vermelho e seu profundo desejo de compartilhar essa experiência.

“Não sei por que você está em Marte. Talvez isso decorra da percepção de que a manipulação cuidadosa de pequenos asteroides pode ser crucial para evitar colisões catastróficas com a Terra, e, embora estejamos em órbita terrestre, Marte representa uma etapa natural subsequente.”

“Ou talvez estejamos em Marte porque reconhecemos que a colonização de múltiplos mundos diminui exponencialmente a probabilidade de extinção diante de um desastre em um único planeta”, sugere Sagan.

“Ou talvez estejamos em Marte porque precisamos estar, motivados por um profundo impulso nômade entranhado em nossa natureza, forjado pelos imperativos evolutivos. Afinal, nossos antecessores foram, por grande parte de nossa história, caçadores-coletores, e durante milênios, fomos nômades. E agora, com Marte como o próximo horizonte natural, é quase como se estivéssemos seguindo o chamado da própria história. Mas, independentemente do motivo que o trouxe a Marte, sinto-me verdadeiramente jubilante por sua presença lá. E, sinceramente, gostaria de estar ao seu lado”, conclui Sagan, ecoando seu anseio pela jornada além dos confins da Terra.

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