É familiar imaginar ambientes extraterrestres cheios de plantas e animais, no qual a atmosfera relembra, e muito, as condições da Terra. Esse sentimento de identificação é elaborado, sobretudo, pela ficção científica que trabalha bem o tema no cinema e em obras literárias. No entanto, longe da fantasia, é possível a existência de uma reserva natural em Marte.
A proposta sugere que a estrutura – chamada de “Bolha da floresta” – daria o suporte adequado para espécies importantes caso o homem colonizasse, finalmente, o planeta vermelho.
Reserva natural em Marte é possível, segundo estudo
As reservas naturais extraterrestres (ETNRs) são propostas de intervenção humana em Marte que visam a criação de um ecossistema que imita a Terra. A “bolha florestal” funciona como uma reserva natural ao mesmo tempo que pode servir de local de refúgio para os humano, com fornecimento de alimentos e matérias-primas para os colonos.
De forma aprofundada e bem elaborada, o estudo feito pelo professor do departamento de engenharia civil da Universidade de Bristol, Paul Smith, foi publicado no International Journal of Astrobiology em novembro e traz consigo especificações sérias. Em um dos trechos do estudo, o autor expõe: “Se o crescimento da população humana não for controlado, as áreas naturais devem ser sacrificadas. Uma alternativa é criar mais habitat, terraformando Marte. No entanto, isso requer o estabelecimento de serviços ecossistêmicos essenciais em um planeta atualmente inacessível às espécies terrestres.”
O professor continua: “A curto prazo, a montagem de ecossistemas do tipo Terran dentro de ambientes contidos é concebível se os complementos de espécies de apoio mútuo forem determinados. Aceitando isso, propõe-se um conjunto de organismos que podem formar um ambiente florestal primitivo, com justificativa para sua seleção.”
Proposta de Smith
![reserva natural em marte](https://socientifica.com.br/wp-content/uploads/2022/12/reserva-natural-em-marte-1050x700.jpg)
Embora pareça uma ideia excêntrica e, em alguns pontos, absurda, as bases da proposta de Smith são fundamentadas. O estudioso aponta os conceitos básicos e aborda alguns dos diversos desafios que seriam enfrentados.
Desse modo, questões relacionadas à atmosfera, temperatura, radiação, clima, gravidade, luz solar e estações são os fatores principais que norteariam todo o desenvolvimento da reserva natural em Marte.
Nesse contexto, Smith oferece uma lista de vida que poderia se adaptar à vida em Marte: com relação às plantas, certos zimbros e bétulas estariam incluídos. Em se tratando de criaturas, os micróbios do solo, fungos e invertebrados, como aranhas e minhocas fariam parte da “bolha florestal” do planeta vermelho.
Contudo, vertebrados não humanos, como peixes, guaxinins e pássaros não estariam na lista proposta por Smith. além disso, o autor do estudo considera as questões éticas envolvidas relativas à imposição de forçar os animais a viverem em um habitat extraterrestre no qual poderiam não se adaptar e nem desenvolver seus comportamentos característicos.
Engrenagens ecológicas
A priori, a reserva natural em Marte proposta por Smith pode parecer como um clone de uma floresta terrestre. Contudo, o professor explica que “Os designers de ETNR devem considerar as espécies como engrenagens ecológicas que podem ser montadas em ecossistemas funcionais […] A reprodução das florestas terrestres é atualmente inviável, mas o desenvolvimento de novos ecossistemas, funcionando de maneiras inesperadas, é concebível”.
A questão econômica não foi considerada por Smith. Visto que o custo de mandar humanos para o espaço é exorbitante, estabelecer uma gama de vida em outro planeta geraria um custo imaginável. Entretanto, Marte é considerado como a principal possibilidade de refúgio para a vida humana, vegetal e animal.
Somado a isso, os efeitos das mudanças climáticas e o aumento da população terrestre – quase 8 bilhões de pessoas – fazem com que a reserva natural em Marte se torne uma projeção cada vez mais consistente. Segundo Smith, “A tarefa dos projetistas é assustadora, mas, para garantir a sobrevivência da vida na Terra, os desafios devem ser superados”.