Megalodon tinha sangue quente, apesar de um assassino frio, revela estudo

Elisson Amboni
Imagem: J. J. Giraldo

Um estudo recente publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences trouxe novas informações sobre o megalodon, um dos maiores e mais temidos predadores do oceano. Os cientistas descobriram que essa criatura pré-histórica, que viveu há cerca de 3,6 milhões de anos e media até 50 metros de comprimento, possuía uma característica surpreendente: era um tubarão de sangue quente.

Os pesquisadores analisaram os dentes fossilizados do megalodon e encontraram evidências de que essa espécie mantinha uma temperatura corporal cerca de 13 graus Fahrenheit mais quente do que a água em que vivia. Essa diferença é significativa o suficiente para classificar o megalodon como endotérmico, ou seja, capaz de gerar calor interno.

Importância da descoberta

A descoberta da endotermia no megalodon é importante porque essa característica não é comum entre os peixes. A maioria dos peixes possui sangue frio e depende da temperatura externa para regular sua temperatura interna. No entanto, alguns tubarões têm a habilidade de manter parte ou todo o seu corpo em uma temperatura mais alta do que a água ao seu redor.

Ao estudar os fatores que contribuíram para a extinção do megalodon, os cientistas podem obter insights valiosos sobre a vulnerabilidade dos grandes predadores marinhos nos ecossistemas atuais, afetados pelas mudanças climáticas em curso.

Técnica utilizada no estudo

Para determinar a temperatura corporal do megalodon, os pesquisadores utilizaram uma técnica geoquímica inovadora que analisa os isótopos presentes nos dentes fossilizados. Esses isótopos revelam informações sobre o ambiente em que o animal vivia e fornecem pistas sobre a temperatura corporal.

Através da análise dos isótopos no esmalte dentário do megalodon, a equipe de pesquisa pôde estimar a temperatura em que esses dentes se formaram, o que indica a temperatura corporal aproximada do animal em vida.

Consequências da endotermia para o megalodon

A capacidade de manter uma temperatura corporal mais alta permitiu que o megalodon fosse um nadador mais ágil e resistisse à água fria, possibilitando sua disseminação por todos os oceanos do mundo. No entanto, essa vantagem evolutiva pode ter contribuído para sua extinção.

Durante o período em que o megalodon viveu, ocorreram mudanças ambientais significativas, como resfriamento global e variações no nível do mar. Para sustentar uma temperatura corporal elevada, essa espécie precisava de uma quantidade considerável de alimento. Com alterações no ecossistema e a competição com outros predadores marinhos, como tubarões brancos, pode ter sido difícil para o megalodon encontrar comida suficiente para sobreviver.

Próximos passos da pesquisa

Os cientistas agora pretendem aplicar essa abordagem de estudo em outras espécies extintas. Eles estão interessados em descobrir com que frequência a endotermia foi encontrada em predadores marinhos ao longo da história geológica, segundo um comunicado.

Entender a biologia dessas criaturas extintas pode nos fornecer informações valiosas sobre os ecossistemas marinhos atuais e nos ajudar a compreender melhor o impacto das mudanças climáticas no mundo oceânico.

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