Competição com tubarões-brancos pode ter causado extinção do megalodon, sugere estudo

Dominic Albuquerque
Imagem: Esther van Hulsen

O megalodon, o maior tubarão de todos os tempos, pode ter sido extinto graças ao sucesso dos tubarões-brancos na competição por presa, de acordo com uma nova pesquisa.

O estudo dos vestígios elementares em seus dentes implica que esse grande monstro marinho competia com os tubarões-brancos por recursos.

Exames em fósseis sugerem que as duas espécies caçavam os mesmos animais, como baleias, golfinhos e botos. Os especialistas disseram que um estudo aprofundado agora é necessário para compreender o quão intensa essa competição era.

O professor Kenshu Shimada, da DePaul University, Chicago, disse: “Os resultados provavelmente implicam pelo menos algum nível de sobreposição nas presas caçadas por ambas as espécies de tubarão”.

A análise dos níveis de zinco aponta que eles estavam no topo da cadeia alimentar, o que significa que nada era capaz de caçá-los.  

Uma equipe internacional gerou uma base de dados com valores de 20 espécies de tubarões, desde as pré-históricas às modernas, incluindo o megalodon.

O professor e coautor Michael Griffiths, da William Paterson University, New Jersey, observou com curiosidade que os valores isótopos de zinco dos dentes de ambas as categorias de tubarões sugere uma sobreposição do nível trófico entre os tubarões-brancos e o megalodon.

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Imagem: SWNS

O estudo, publicado na Nature Communications, comparou os níveis de zinco em diversas espécies extintas de tubarão, do megalodon às modernas. Eles também analisaram os níveis nos dentes do megalodon e seus ancestrais, assim como nos tubarões-brancos de hoje, para observar o seu impacto em ecossistemas do passado — e uns nos outros.

Novos métodos com isótopos como o zinco são ferramentas promissoras para investigar a dieta, ecologia e evolução em outros fósseis de marinhos vertebrados, fornecendo um panorama fascinante para o passado.

O autor principal do estudo, Dr. Jeremy McCormack, da Goethe-University Frankfurt, acrescentou: “Nossa pesquisa ilustra a viabilidade de usar isótopos de zinco para investigar a dieta e a ecologia de animais extintos ao longo de milhões de anos, um método que também pode ser aplicado a outros grupos de animais fósseis — incluindo nossos próprios ancestrais”.

O megalodon ainda poderia estar vivo?

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Reconstrução de um megalodon e um conjunto de dentes no Museo de la Evolución de Puebla, no México. Imagem: Luis Alvaz

O megalodon era três vezes e meio maior que o tubarão-branco, alcançando 20 m de comprimento e pesando mais de 50 toneladas.

Seus dentes e algumas vértebras são seus únicos vestígios, pois os esqueletos dos tubarões são feitos de cartilagem, que raramente sobrevive ao processo de fossilização.

O predador gigante dominou os oceanos por um período entre 23 a 3,6 milhões de anos atrás, e sua extinção súbita surpreende os especialistas em evolução até hoje.

Já foi sugerido que o megalodon poderia estar vivo, mas o professor Shimada afirmou que isso é impossível. Por ser uma espécie de água quente, ele não conseguiria viver nas águas geladas das profundezas oceânicas, que seria o único local onde ele não seria percebido por nós hoje.

Ele ainda disse: “Ainda que pesquisas adicionais sejam necessárias, nossos resultados parecem sustentar a possibilidade de uma competição dietética entre o megalodon do início do Plioceno e os tubarões-brancos”.

A afinidade por água quente também foi considerada como outra possível causa da extinção do megalodon — se o clima terrestre tivesse esfriado de maneira significativa, isso teria reduzido os habitats dos gigantes marinhos.

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