Pesquisadores avistaram, no dia 12 deste mês, uma jovem baleia jubarte presa em linhas de pesca na Península Antártica. De acordo com especialistas, o animal é um macho de apenas 18 meses e provavelmente não irá sobreviver às amarras.
A bordo do Crystal Endeavour, pesquisadores observaram a baleia jubarte na Ilha Trinity, no lado oeste da Península Antártica. Observações mais próximas não só mostraram que o animal estava preso nas linhas de pesca, mas também tinha diversos ferimentos causados pelas linhas.
O jovem macho, por exemplo, não tem a nadadeira dorsal (das costas) e as linhas penetraram fundo em suas nadadeiras caudais. Segundo os cientistas do Crystal Endeavour, o jovem macho está passando agora pela sua primeira migração – e provavelmente tem carregado as linhas por milhares de quilômetros.
Vale comentar que uma jubarte pode nadar quase 10.000 km em apenas três meses. Segundo uma pesquisa de 2015, ainda, a expansão da atividade humana pode causar desvios de milhares de quilômetros nas rotas migratórias das jubartes. Toda essa distância em excesso faz com que as baleias percam o equilíbrio metabólico essencial para as longas viagens.
Ainda, pesquisadores afirmam que é difícil identificar a origem das linhas de pesca que prenderam essa jovem jubarte. Tentar libertar o animal, ainda, pode ser perigoso tanto para equipes de resgate quando para a própria baleia.
“Minha esperança é que quanto mais este tipo de situação vem à luz, mais pode ser feito para minimizar o acontecimento destas interações,” diz o professor Ari Friedlaender, da Universidade da Califórnia, em uma declaração.
“Porque ninguém quer ver baleias feridas assim, ninguém quer ver pessoas que pescam ter sua subsistência arrastada também.”
Vale comentar também que as baleias são essenciais para a saúde dos ecossistemas marinhos.
Linhas de pesca e a vida marinha
De acordo com estimativas do ano passado, ao menos 60% de todas as baleias-azuis do Canadá tiveram algum contato com linhas de pesca. Além disso, é possível que mais de 300.000 baleias e golfinhos morram todos os anos em consequência direta da poluição por equipamentos de pesca.
As redes e linhas são um problema ainda maior pela dificuldade na fiscalização. Dado o tamanho do oceano e a quantidade de navios pesqueiros circulando por aí, é muito difícil rastrear equipamentos abandonados ou perdidos. Isso, portanto, dificulta a responsabilização de quem utiliza estes equipamentos.
Sobretudo, materiais abandonados acabam flutuando pelo oceano até, eventualmente, se prenderem a um animal. Ademais, muitas espécies ameaçadas acabam em redes pela chamada captura acidental, ou bycatch. Somado à isso, baleias e golfinhos têm percursos migratórios longos e amplos, o que facilita o contato com poluentes do tipo.
O especialista Simon Miller afirma ainda ao The Guardian, que é possível reduzir os riscos de acidentes como o desta jovem jubarte: “O entrelaçamento de baleias pode ser evitado em certa medida não colocando-se equipamentos de pesca de alto risco, como gaiolas de lagostas com cordas longas ou redes, em áreas pelas quais sabe-se que as jubartes migram e se reúnem.”