Um implante cerebral personalizado pôde aliviar a depressão

Letícia Silva Jordão
Imagem: MAURICE RAMIREZ, UCSF 2021

Um novo passo rumo ao tratamento de depressão aguda foi dado por cientistas nos Estados Unidos, que criaram um implante cerebral personalizado capaz de emitir impulsos elétricos que aliviam sintomas da depressão.

A primeira paciente a participar do estudo experimental foi Sarah, de 36 anos, que sofria de depressão severa desde a infância e já havia passado por diversos tratamentos.

Sarah diz que após a sessão se sentiu melhor e com mais energia, e diz ainda que a sua vida mudou depois que o implante foi colocado.

Tecnologia utilizada no implante cerebral personalizado

implante cerebral personalizado
Imagem: MAURICE RAMIREZ, UCSF 2021

O estudo publicado em 04 de Outubro na Nature Medicine, mostrou que o dispositivo foi feito sob medida para o cérebro de Sarah.

Os pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco realizaram uma abordagem onde primeiro, foram encontrados alguns padrões de atividade cerebral característicos da depressão, e em seguida foi determinado os impulsos essenciais para neutralizá-los.

Com isso definido, o implante consegue detectar quando os padrões cerebrais relacionados à depressão ocorrem, e pode assim enviar os estímulos certos de forma automática ao cérebro.

Como a abordagem feita pelos pesquisadores exigia imagens em alta definição, foi necessário utilizar uma tecnologia mais robusta. Segundo a neurologista Helen Mayberg, a complexidade do tratamento pode impedir a sua aplicação em mais pacientes por conta do custo elevado para manter os recursos utilizados. Mesmo assim, os resultados obtidos foram promissores.

Como o experimento foi realizado

Os cientistas começaram implantando eletrodos de fios finos temporários no cérebro de Sarah, para que assim eles pudessem monitorar a atividade cerebral que surgia relacionada à depressão. Esse padrão foi utilizado pelos pesquisadores como um biomarcador, que era usado como um sinal de possíveis problemas que poderiam surgir.

Durante o experimento, um sinal específico de Sarah emergiu. Era uma onda cerebral que ocorreu de forma rápida em sua amígdala, que é uma parte do cérebro que está envolvida nas emoções.

Para descobrir os locais exatos para estimular o cérebro, os pesquisadores utilizaram o biomarcador para poder suspender os sintomas angustiantes de Sarah. Os cientistas começaram então a aplicar pequenos choques de corrente elétrica na região chamada estriado ventral que é muito conhecida por estar envolvida nas emoções. 

Melhorias que o implante trouxe para a vida de Sarah

implante cerebral personalizado resultados obtidos
Imagem: JOHN LOK / UCSF 2021

Quando o primeiro estímulo foi feito, o humor de Sarah melhorou e ela sentiu alegria, além de outras melhorias que vieram a se apresentar posteriormente.

Sarah ficou com o dispositivo em sua cabeça pelo período de dois meses, e ela relatou que nesse tempo tudo foi ficando cada vez mais fácil.

Hoje, já faz um ano desde que ela participou do experimento, e por mais que os pesquisadores ainda não tenham um tempo exato da duração dos benefícios do tratamento, Sarah diz que o experimento mudou a sua vida, e que agora está mais disposta a reaprender atividades que gostava, como a jardinagem. Ela diz ainda que o implante cerebral personalizado ajudou a manter a sua depressão mais estável, permitindo assim que ela fosse aos poucos reconstruindo sua vida.

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