Mindfulness e meditação podem piorar a depressão e ansiedade em alguns casos

Amanda dos Santos
Mindfulness e meditação. Foto: Pixabay.

Uma pesquisa realizada no Reino Unido, pela Coventry University, explica que cerca de uma em cada 12 pessoas que tentam meditar experimenta um efeito negativo indesejado, podendo agravar depressão e ansiedade.

Para a maioria das pessoas funciona bem, mas sem dúvida não é universal, explica Miguel Farias, um dos pesquisadores nesse trabalho.

Mindfulness e meditação

Tipos de meditação

Existem muitos tipos de meditação, mas um dos mais populares é o mindfulness.

Nessa prática, as pessoas prestam atenção ao momento presente, concentrando-se em seus próprios pensamentos e sentimentos, ou em sensações externas.

Para quem já tem o diagnóstico de depressão e ansiedade, muitas vezes é recomendada essa prática como uma forma de reduzir as recaídas.

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A vontade cada vez mais crescente de meditar pode vir do aumento da consciência de efeitos colaterais dos medicamentos antidepressivos e a dificuldade de parar de tomá-los. Apesar de ter relatos de pessoas que pioraram sua saúde mental depois de começar a meditação, ainda não está claro com que frequência isso acontece.

Pesquisas realizadas sobre a meditação, depressão e ansiedade

Pesquisas sobre meditação

Para realizar este estudo observou diversos artigos publicados em revistas médicas e encontrou 55 estudos relevantes.

A partir do momento em que eles excluíram aqueles estudos que deliberadamente se propuseram a achar efeitos negativos, calcularam a prevalência de pessoas que sofreram danos em cada estudo e calcularam também a média, ajustada para o tamanho do estudo. Esse é um método comum neste tipo de análise.

Então, descobriram que cerca de 8% das pessoas que tentam a meditação experimentam um efeito indesejado. “As pessoas experimentam desde um aumento da ansiedade até ataques de pânico”, diz Farias. Também foram encontrados casos de psicose ou pensamentos suicidas.

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Sendo que o número de 8% pode estar subestimado, já que diversos estudos de meditação registram apenas efeitos negativos graves ou nem mesmo os registram.

A psicóloga Katie Sparks, credenciada como membro da Sociedade Britânica de Psicologia, explica que algumas pessoas tentam meditar por causa de depressão e ansiedade não diagnosticadas ainda. Porque a meditação ajuda as pessoas a relaxar e se reorientar, tanto mentalmente, quanto fisicamente.

Só que, às vezes, quando as pessoas estão tentando acalmar seus pensamentos, a mente pode se rebelar. “É como uma reação à tentativa de controlar a mente e isso resulta em um episódio de ansiedade ou depressão”, diz ela.

Benefícios da meditação

Os pesquisadores deixam claro que o estudo não significa que as pessoas devem parar de experimentar a técnica.

Em vez disso, devem optar por sessões de meditação guiada, conduzidas por um professor ou um aplicativo com uma narração gravada, por serem mais seguros.

“O estudo atual pode impedir as pessoas de participarem de algo que pode ser benéfico no contexto certo”, diz Sparks.

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E no contexto certo, a meditação pode melhorar dores crônicas, entre outros benefícios para a pressão arterial e frequência cardíaca, até melhorar o sono.

Por isso, os efeitos da prática de meditação no organismo e no comportamento humano têm sido cada vez mais estudados.

Com informações da New Scientist.

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