Humanos com artéria extra são a prova de que ainda estamos evoluindo

Rafael D'avila
Imagem: Juan Pablo/Pexels

Se compararmos a linha evolutiva do homem, é possível perceber muitas transformações, entretanto, humanos com artéria extra é a prova de que ainda estamos evoluindo. Mudanças sutis demonstram que este fato pode ser imprevisível, servindo como um convite à especulação dos mais curiosos.

Uma artéria que desce temporariamente no centro de nossos antebraços enquanto ainda estamos no útero não está mais desaparecendo na frequência que costumava. A conclusão é o resultado de um estudo feito na University of Adelaide, na Austrália, pelos pesquisadores da Flinders University. Isso significa que muitos adultos têm uma artéria extra fluindo sob o pulso.

“Desde o século 18, os anatomistas estudam a prevalência desta artéria em adultos. Contudo, nosso estudo mostra que ela está claramente aumentando”, disse o anatomista da Universidade Flinders, Teghan Lucas, em 2020.

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Três artérias principais no antebraço – mediana (extra) no centro. Imagem: Digital Vision Vector/ Getty Images

Artéria extra geralmente some antes do nascimento, mas nas últimas décadas isso deixou de acontecer com a mesma frequência

“A prevalência era de cerca de 10 por cento nas pessoas nascidas em meados da década de 1880, em comparação com 30 por cento nas nascidas no final do século 20. É um aumento significativo em um período bastante curto de tempo, quando se trata de evolução”, completou.

A artéria extra se forma no início do desenvolvimento humano, pois serve para transportar sangue pelo centro dos braços, fluindo às mãos. Todavia, é normal ela regredir em oito semanas, pois outros vasos se tornam responsáveis por realizar essa tarefa, como o radial e as artérias ulnar.

Artéria extra não está desaparecendo na mesma frequência.
Feto de oito semanas, quando a artéria começa a regredir. Imagem: Divulgação/ FetaMed

Não é uma regra que desapareça nos dois primeiros meses, há indivíduos que nascem com ela ainda bombeando, alimentando apenas o antebraço. A análise consistiu em examinar 80 membros de cadáveres doados por australianos de ascendência europeia, onde quase todos nasceram na primeira metade do século XX.

Levando em conta a frequência em que encontraram a artéria extra, os pesquisadores compararam os números com registros de uma pesquisa bibliográfica. O Journal of Anamoty publicou, em 2020, os resultados dessa pesquisa, considerando contagens que poderiam representar excessivamente a aparência do vaso.

“Este aumento pode ter resultado de mutações de genes envolvidos no desenvolvimento da artéria mediana ou problemas de saúde nas mães durante a gravidez, ou ambos, na verdade”, disse Lucas. “Se essa tendência continuar, a maioria das pessoas terá a artéria extra do antebraço até 2.100”, concluiu ele.

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