Hubble resolve o mistério das enormes bolhas no centro da Via Láctea

Erik Behenck
Foto: Centro de Vôo Espacial Goddard da NASA

Existe um gás denso que bloqueia boa parte das observações realizadas em nossa galáxia, mais complicado ainda ao ser observado sob luz visível do nosso ponto de vista. Mas, agora o telescópio Hubble resolveu o mistério das enormes bolhas no centro da Via Láctea.

Uma equipe de astrônomos utilizou um telescópio chamado Wisconsin H-Alpha Mapper (WHAM) para avaliar parcialmente o núcleo da Via Láctea, no espectro óptico de luz. Assim, concentraram os esforços em dois itens conhecidos por Fermi Bubbles. Ou melhor, as bolhas Fermi, explosões maciças de gás de alta energia, que estão presentes no núcleo galáctico.

Enormes bolhas no centro da Via Láctea
Uma ilustração das bolhas Fermi que se estendem além do plano da Via Láctea. Descobertos em 2010, provavelmente são o resultado de uma explosão de energia de Sgr. A *, o buraco negro supermassivo no coração da Via Láctea. (Imagem: NASA / GSFC)

São chamados de Fermi Bubbles porque foram encontrados em 2010 pelo telescópio espacial Fermi Gamma-Ray. São enormes bolhas, com extensão de 50 mil anos-luz a partir do disco da Via Láctea, viajando a milhões de quilômetros por hora.

Essas observações foram expostas em um artigo na arXiv. Além disso, os resultados foram apresentados na 236ª reunião da Sociedade Astronômica Americana.

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Antes desse trabalho ser publicado, outras observações foram feitas em UV. Assim, os pesquisadores analisaram a luz à medida que ela passava pelo gás, mas era algo com limitações. Dessa maneira, não puderam medir a velocidade, a temperatura e a densidade. Mas, com o WHAM uma nova abordagem foi possível.

O que são as bolhas no Centro da Via Láctea?

Conforme o professor de Astronomia e Física da Universidade Aeronáutica Embry-Riddle e co-autor do estudo, Matt Haffner, o gás bloqueia a nossa visão dessa região da Via Láctea, enquanto das outras galáxias distantes não.

“Existem regiões da galáxia que podemos atingir com instrumentos muito sensíveis, como o WHAM, para levar esse tipo de informação nova ao centro que anteriormente só era possível fazer no infravermelho e no rádio”, diz Haffner.

Os pesquisadores também encontraram emissão de nitrogênio nas bolhas Fermi. Assim, alinharam suas observações com observações recentes feitas pelo Hubble. “Combinamos essas duas medidas de emissão e absorção para estimar a densidade, pressão e temperatura do gás ionizado, e isso nos permite entender melhor de onde vem esse gás”, comentou Krishnarao, o autor principal.

Ação de um buraco negro

Os pesquisadores acreditam que as bolhas no centro da Via Láctea tenham sido criadas milhões de anos atrás. Além disso, alguns dos estudiosos imaginam que Sgr A *, o buraco negro supermassivo no centro da nossa galáxia, atraiu uma enorme nuvem de hidrogênio, causando uma grande explosão de energia. Ainda assim, esse não foi o foco do artigo apresentado aqui.

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No artigo os autores explicam que “esses espectros ópticos fornecem uma nova via para restringir as condições físicas do gás ionizado que foi associado às bolhas de Fermi”. Além disso, na conclusão do trabalho, indicam que a temperatura do gás é de 8900 ± 2700 K.

No futuro, novas observações devem ser comparadas com dados do Hubble, para tentarem entender a formação destas gigantes. Mas, por enquanto ainda não, quem sabe um dia saberemos como foi esse desenvolvimento, há milhões de anos.

FONTE / Universe Today.

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