Homem Dragão: nova espécie de humanos pode ser nossa parente mais próxima

Milena Elísios
Uma ilustração de como seria o Homo longi. Imagem: Chuang Zhao

O “Crânio de Harbin”, doado a um museu há três anos, passou recentemente por extensas análises. Acredita-se que o crânio é a evidência de uma espécie humana recém-descoberta, nomeada de Homo longi (ou “Homem dragão”). Seus ancestrais seriam muito semelhantes aos nossos.

Em 2018, um fazendeiro chinês fez uma doação especial para o museu GEO da Universidade de Hebei: um crânio humano colossal. Foi o maior crânio do gênero Homo já descoberto. Suspeitando que o fóssil fosse significativo, mas sem saber o que fazer com ele, a família deste fazendeiro o escondeu em um poço desde sua descoberta na década de 1930.

Os antropólogos do museu passaram os últimos anos analisando este incrível espécime. Esta pesquisa aprofundada resultou na publicação de três estudos separados na revista The Innovation esta semana (aqui, aqui e aqui).

Homem dragão: uma espécie nova?

De acordo com essas análises, o crânio tem pelo menos 146.000 anos. Além disso, os pesquisadores usaram a fluorescência de raios-X para comparar a composição química do crânio com a de outros fósseis de mamíferos do mesmo período descobertos na região de Harbin. Essas descobertas foram surpreendentemente semelhantes.

Uma análise revelou que as relações de isótopos de estrôncio em sedimentos presos dentro da cavidade nasal do crânio foram consideradas consistentes com aquelas isoladas em um núcleo perfurado perto da ponte onde o crânio foi supostamente descoberto.

cranio do homem dragao
O Homem Dragão tinha sobrancelhas notáveis. Imagem: Chuang Zhao

Assim, com base nesses achados, podemos concluir que esse crânio foi de fato descoberto nesta região. Essas análises foram críticas, assim como as informações fornecidas pelo fazendeiro chinês.

Esta foi a primeira vez que os cientistas viram um crânio como este. “Sua cabeça era enorme – contendo um grande cérebro – com uma forma longa e baixa e uma enorme crista de sobrancelhas sobre os olhos”, disse o co-author do estudo Chris Stringer, do Centro de Pesquisa da Evolução Humana no Museu de História Natural de Londres, ao portal Live Science. “Seu rosto, nariz e mandíbulas eram muito largos, e ele tinha olhos grandes. Mas seu rosto era baixo em altura, com ‘maçãs’ delicadas.”

A análise do crânio revela que ele também era capaz de abrigar um cérebro comparável ao do Homo sapiens. A equipe comparou mais de 600 características morfológicas distintas em uma seleção de aproximadamente 95 crânios e mandíbulas humanas distintas. Os autores afirmam que com base em todas essas características, esse indivíduo é distinto de outras espécies conhecidas.

Este novo estudo sugere que três linhas distintas de humanos evoluíram, cada uma descendente de um ancestral comum: Homo sapiens, Homo neanderthalensis e Homo longi (o homem dragão). Os pesquisadores vão ainda mais longe, alegando que o Homo longi está mais intimamente relacionado a nós do que os neandertais.

Se esses relatos forem precisos, o “Crânio de Harbin” tem o potencial de reescrever completamente a história da evolução humana.

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