Os sapiens não são a única espécie humana que já circulou pela Terra, embora hoje só nós estejamos vivos. Fora os sapiens, a espécie humana mais famosa é, com certeza, a dos neandertais. Embora as espécies humanas também acasalassem entre si, elas travaram guerras. A guerra entre sapiens e neandertais durou mais de 100 mil anos, conforme explica o professor Biologia Evolutiva e Paleontologia na Universidade de Bath, Nicholas R. Longrich, em uma recente matéria no The Conversation que tem ganhado bastante destaque entre os portais de divulgação científica.
Constantemente surgem notícias desmantelando esse ego antropocêntrico de nos considerarmos melhores do que todas as outras espécies. Estudos recentes demonstram que neandertais criavam arte, davam significados às coisas e se pareciam muito mais conosco do que pensamos.
Guerra por territórios
Os sapiens e neandertais eram tão parecidos que costumes atuais já eram praticados. A todo momento nos deparamos com guerras territoriais, seja por motivos religiosos e culturais – como por exemplo os conflitos entre Israel e Palestina, além dos conflitos dos Balcãs -, seja por motivos econômicos, como guerras por áreas ricas em petróleo, constantemente envolvendo Estados Unidos e Rússia ou importantes rotas comerciais, como os atritos com relação ao mar do Sul da China. O ponto é: quem tem poder quer guerra.
Diferente do que muitos pensam, os sapiens não são “uma evolução do neandertal”. As duas espécies são, na verdade, irmãs, que partiram de duas linhas evolucionárias diferentes, em pontos geográficos diferentes. Mas ainda dividem algum outro ancestral comum. Enquanto os sapiens surgiram na África, os neandertais espalhavam-se pela Eurásia (Europa e Ásia). Inclusive, até hoje os europeus possuem uma quantidade considerável de genes neandertais (por isso a conversa de “raça pura” do nazismo e do neofascismo não faz o menor sentido – eles são os menos puros).
O comportamento dos neandertais com relação às guerra se assemelhava bastante com o dos humanos modernos. Inclusive, até mesmo chimpanzés possuem conflitos territoriais, o que indica que herdamos isso de um ancestral em comum com primatas não humanos, milhões de anos atrás. Não que a biologia justifique completamente esse comportamento bélico. Somos plenamente capazes de buscar a paz.
Até que algo mudou
Embora compartilhassem 99,7% do DNA, surgiram diferenças substanciais entre as duas espécies. Por exemplo, os neandertais possuíam mais massa muscular do que os sapiens. Portanto, também eram hábeis caçadores, e animais grandes, como bisões, rinocerontes e os mamutes não raramente faziam parte de seu cardápio, o que significa que não era tão difícil caçá-los. Mas é claro que eles também caçavam com armas e utilizavam ferramentas.
E justamente as armas que nos entregam algumas pistas. Encontra-se, tanto em sapiens como em neandertais, marcas de armas, como traumatismos nos crânios causados por clavas, marcas de defesas de golpes nos ossos, entre outras assinaturas características de conflitos bélicos.
Por muito tempo os sapiens permaneceram recuados na África. Os neandertais dominavam a Ásia e Europa. Mas após mais de 100 mil anos de guerras, algo mudou, e a tecnologia dos sapiens se destacou, mudando completamente a guerra entre sapiens e neandertais e o mundo humano dali para a frente.
Embora os neandertais utilizassem ferramentas, não sabemos se a tecnologia bélica ou agrícola dos sapiens superou a dos neandertais e, em algum momento, ocasionou na extinção dos nossos irmãos humanos. A partir daí, nos expandimos para diversos outros pontos do globo. Por muito tempo, os sapiens viveram da mesma forma – homens das cavernas.
A ofensiva que acarretou na extinção dos neandertais iniciou-se 125 mil anos atrás. No entanto, os primeiros traços de cidades habitadas por tempo considerável – que dariam origem, mais tarde, a civilizações -, remetem a menos de 10 mil anos AEC (antes da Era Comum), na transição entre a pré-história e a Antiguidade.
Com informações de Ancient Origins e The conversation.