Neandertais colocavam flores nas sepulturas de seus mortos

Damares Alves
Os esqueletos trazem evidências de que os neandertais colocavam flores nas sepulturas de seus mortos. (Imagem: Karen Carr)

Um novo esqueleto foi encontrado na caverna Shanidar, no Curdistão iraquiano, e está ajudando a revelar como os neandertais lidavam com a mortes. A sepultura tem evidências de que os neandertais colocavam flores nas sepulturas de seus mortos.

A caverna Shanidar é famosa pelo que é conhecido como o enterro das flores. Entre os 10 esqueletos fragmentários de neandertais descobertos nas décadas de 1950 e 1960, um foi encontrado com pedaços de pólen misturados com a sujeira circundante.

As descobertas de Shanidar há muito são vistas por alguns arqueólogos como evidência de que essas espécies de hominídeos não apenas enterraram seus mortos, mas também que os neandertais colocavam flores nos túmulos de seus entes queridos - desafiando a crença amplamente difundida de que os neandertais (retratados na reconstrução de um artista) eram animalescos
As descobertas de Shanidar há muito são vistas por alguns arqueólogos como evidência de que essas espécies de hominídeos não apenas enterraram seus mortos, mas também que os neandertais colocavam flores nas sepulturas de seus entes queridos – desafiando a crença amplamente difundida de que os neandertais eram animalescos. (Imagem: Representação artística de um neandertal pelo artista Tim Evanson.)

A descoberta foi interpretada como evidência de que os ossos haviam sido enterrados com flores em uma espécie de ritual funerário. Isso contradiz nossa compreensão anterior dos neandertais como animalesca, inculta e pouco sofisticada. Desde então, surgiram mais evidências de que os neandertais eram muito mais espertos do que se acreditava anteriormente, mas faz muito tempo desde que eles andaram na Terra, e seus restos mortais são muito, muito raros.

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Agora, 50 anos depois, novos fragmentos de esqueleto encontrados acidentalmente na caverna Shanidar também trazem evidências de que os neandertais praticavam rituais funerários. Os fragmentos podem pertencer a um novo esqueleto, ou podem ser parte daqueles descobertos anteriormente.

Os arqueólogos coletavam sedimentos para análises nos locais onde os 10 esqueletos anteriores foram encontrados. Eles esperavam escavar alguns dos sedimentos, mas acabaram encontrado novos ossos na caverna.

As analises e datação sugerem que os ossos pertenciam a uma pessoa de meia idade, — 35 ou 40 anos — que viveu há 70.000 mil anos. O esqueleto foi batizado como Shanidar Z, e ele consistia na parte superior do corpo até a cintura. Foi posicionado deitado de costas, com o braço esquerdo enrolado, a mão apoiada sob a cabeça, como se estivesse dormindo

Embora seu gênero ainda esteja para ser determinado, análises iniciais sugerem que o esqueleto - apelidado Shanidar Z - tem os dentes de um "adulto de meia a idade". Na foto, as costelas e a coluna do esqueleto vistas saindo do sedimento na caverna Shanidar. (Imagem: Graeme Barker.)
Embora seu gênero ainda esteja para ser determinado, análises iniciais sugerem que o esqueleto – apelidado Shanidar Z – tem os dentes de um “adulto de meia a idade”. Na foto, as costelas e a coluna do esqueleto vistas saindo do sedimento na caverna Shanidar. (Imagem: Graeme Barker.)

Devido a proximidade dos esqueletos entre si, e porque quatro deles parecem ter sido colocados em vez de deitados em posições caídas, os arqueólogos acreditam que foram deliberadamente enterrados.

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“A nova escavação sugere que alguns desses corpos foram colocados em um canal no fundo da caverna criado pela água, que foi intencionalmente escavado para torná-lo mais profundo”, disse o arqueólogo Graeme Barker, da Universidade de Cambridge.

“Há fortes evidências precoces de que Shanidar Z foi deliberadamente enterrado.”

Os ossos estão agora na Universidade de Cambridge, emprestados pelo governo regional curdo. Eles serão cuidadosamente conservados e digitalizados em 3D para uma análise mais detalhada.

O autor do artigo e paleontólogo cultural Chris Hunt, da Universidade John Moores, em Liverpool, descreveu Shanidar Z (cuja coluna vertebral é retratada) como "uma descoberta verdadeiramente espetacular". (Imagem: Graeme Barker)
O autor do artigo e paleontólogo cultural Chris Hunt, da Universidade John Moores, em Liverpool, descreveu Shanidar Z (cuja coluna vertebral é retratada) como “uma descoberta verdadeiramente espetacular”. (Imagem: Graeme Barker)

parte petrosa do osso temporal do esqueleto ainda está intacta. Este é o osso mais denso do corpo humano e esta é uma excelente notícia pois ele pode reter o DNA, o que pode ser crucial para que os arqueólogos possam melhor entender os hábitos destes hominídeos que vivem há tanto tempo.

A pesquisa foi publicada em Antiquity, clique aqui para acessá-lo.

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