Ainda há muitos mitos de que Cristóvão Colombo foi o primeiro europeu a “descobrir” e explorar a América do Norte. No entanto, os vikings estavam na América séculos antes do que Colombo – eles viajaram da Escandinávia para a Terra Nova via Groenlândia por volta de 999 D.C., como provam diversas evidências arqueológicas. Além disso, tecnicamente, as tribos nômades asiáticas descobriram a América há mais de 15.000 anos.
Uma nova evidência, a primeira escrita, indica que alguém de fora do norte da Europa tinha conhecido acerca da América, o que surpreende é que o relato foi feito antes da viagem de Colombo em 1492.
Crônica escrita em 1345 já falava sobre a América
A primeira referência sobre a América na área do Mediterrâneo foi documentada em um novo estudo por Paolo Chiesa, do departamento de estudos literários da Universidade de Milão. O pesquisador encontrou um escrito no qual havia a menção sobre uma “ terra que dicitur Marckalada ”, encontrada a oeste da Groenlândia, na obra chamada Cronica universalis escrita pelo frade milanês Galvaneus Flamma em 1345.
Publicado no Journal of the Society for the History of Discoveries, Chiesa diz no estudo que “A referência de Galvaneus, provavelmente derivada de fontes orais ouvidas em Gênova, é a primeira menção ao continente americano na região mediterrânea, e dá indícios da circulação (fora da área nórdica e 150 anos antes de Colombo) de narrativas sobre terras além da Groenlândia.”
O que seria a Marckalada
Marckalada ou Markland, é o nome que as fontes irlandesas deram a uma parte da costa atlântica da América do Norte. A referência a Markland ocorre no terceiro livro, no qual é discutida a terceira era da humanidade de Abraão a Davi. A certa altura, o autor da Idade Média “insere um longo excursus geográfico, tratando principalmente de áreas exóticas: Extremo Oriente, terras árticas, ilhas oceânicas, África”, diz Chiesa.
Nos textos em que escreveu, o frade milanês utiliza uma variedade de fontes, que vão desde tratados bíblicos a eruditos, incluindo relatos de viajantes como Marco Polo e Odoric de Pordenone.
No entanto, o frade descreveu Markland a partir do testemunho oral de marinheiros que viajaram pelos mares da Dinamarca e da Noruega, provavelmente o diálogo ocorrei em Gênova, local onde Galvaneus fez seu doutorado.
Tradução
Desse modo, Markland é hoje a América do Norte. O escrito do frade foi traduzido do latim para o inglês, contendo a seguinte composição:
Mais ao norte está o Oceano, um mar com muitas ilhas onde vivem uma grande quantidade de falcões peregrinos e gerifaltes. Essas ilhas estão localizadas tão ao norte que a Estrela Polar permanece atrás de você, em direção ao sul. Os marinheiros que frequentam os mares da Dinamarca e da Noruega dizem que ao norte, além da Noruega, fica a Islândia; mais à frente há uma ilha chamada Grolandia, onde a Estrela Polar fica atrás de você, em direção ao sul. O governador desta ilha é um bispo. Nesta terra não há trigo, nem vinho, nem fruta; as pessoas vivem de leite, carne e peixe. Eles moram em casas subterrâneas e não se aventuram a falar alto ou a fazer barulho, por medo de que os animais selvagens os ouçam e os devorem. Lá vivem enormes ursos brancos, que nadam no mar e trazem marinheiros naufragados para a costa. Ali vivem falcões brancos capazes de grandes voos, que são enviados ao imperador de Katai. Mais a oeste há outra terra, chamada Marckalada, onde vivem gigantes; nesta terra, existem edifícios com lajes de pedra tão grandes que ninguém poderia construir com elas, exceto gigantes enormes. Há também árvores verdes, animais e uma grande quantidade de pássaros. No entanto, nenhum marinheiro conseguiu saber ao certo sobre esta terra ou sobre as suas características.
Ainda conforme o estudo, “Embora a cúria papal soubesse da existência da Groenlândia desde o século XI, Galvaneus é o primeiro a dar algumas informações sobre suas características na área italiana e, de maneira mais geral, em uma obra “científica” e enciclopédica latina, como seu Cronica universalis afirma ser.”
Tendo isso em vista, não é difícil de se esperar que Colombo estivesse informado que havia um continente inteiro mais para o oeste, pois ele também, assim como o frade, era genovês. Outro indício que corrobora com a especulação é de que Colombo estava muito seguro em seu plano de cruzar o oceano, enquanto muitos de seus contemporâneos achavam a ideia absurda.