Ovo encontrado na Antártida pode ser de criatura gigante misteriosa

Erik Behenck
Esse ovo tem mais de 60 milhões de anos. (Crédito da imagem: Legendre et al. 2020)

Pesquisadores identificaram que um fóssil misterioso encontrado na Antártida não era o que pensavam. Essa descoberta foi feita por cientistas da Universidade do Texas, em 2011, e desde então o material se encontra no Museu de História Natural do Chile.

O fóssil misterioso encontrado na Antártida tem a aparência de uma bola de futebol americana vazia, e até então intrigava os cientistas, que descobriram que o fóssil era, na verdade, um ovo gigante, colocado por um réptil marinho que viveu no final do Cretáceo, há 66 milhões de anos. Além disso, foi o primeiro ovo descoberto no continente gelado, e o segundo maior já encontrado no planeta, considerando os répteis.

Ele conta com várias membranas, assim como os ovos depositados por cobras e lagartos, que são do tipo eclosão rápida. Agora comprovado, após ser analisado por um microscópio, mede 28 centímetros de comprimento por 7 centímetros de diâmetro, com uma concha flexível.

Realmente o fóssil misterioso encontrado na Antártida é surpreendente, então qual animal poderia ter produzido um ovo tão grandioso? Para efeito de comparação, o principal autor do estudo e pós-doutorado no Departamento de Geociência da Jackson School da Universidade do Texas, Lucas Legendre, comparou com o tamanho de ovos de 259 espécies de répteis.

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Um diagrama mostrando o ovo fóssil, suas partes e tamanho em relação a um ser humano adulto. O ovo gigante tem uma casca mole. Isso é mostrado em cinza escuro no desenho, com as setas apontando para suas dobras e os sedimentos circundantes mostrados em cinza claro. (Créditos da imagem: Legendre et al. 2020)

Quem era o dono do ovo?

A análise permitiu os pesquisadores estreitar a lista de possíveis animais. O animal responsável pelo ovo deveria ter mais do que 6 metros de comprimento, excluindo a cauda. Essa descrição bate com a de dois animais marinhos que viviam 66 milhões de anos atrás: o mosassauro e o plesiossauro. Além disso, já foram achados vários esqueletos adultos e jovens dessas espécies na região onde o ovo estava. Mas, apesar deses dois animais terem vivido na região, a possibilidade de ser de algum outro animal desconhecido não está descartada.

“É de um animal do tamanho de um grande dinossauro, mas é completamente diferente de um ovo de dinossauro”, disse Lucas Legendre. “É mais parecido com os ovos de lagartos e cobras, mas é de um parente verdadeiramente gigante desses animais”.

“Muitos autores especularam que este lugar era uma espécie de viveiro com águas rasas, uma enseada onde os jovens teriam um ambiente calmo para crescer”, explicou Lucas Legendre em um comunicado à imprensa.

O que eles ainda não sabem é como as fêmeas faziam para depositar esses ovos: como as tartarugas, que saem da água, ou como as cobras marinhas, que depositam seus filhotes no mar mesmo. Por enquanto, nenhuma das ideias foi descartada, entretanto, se os animais mediam 6 metros, sair da água para depositar os ovos seria algo muito cansativo.

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A interpretação de um bebê mosassauro emergindo de um ovo. (Crédito da imagem: John Maisano/Jackson School of Geosciences)

Por fim, foi uma descoberta importante, já que boa parte dos pesquisadores acreditam que os répteis que viviam no fim do Cretáceo não colocavam ovos, como é o caso das duas espécies citadas.

Um comparativo com ovos de espécies atuais

O avestruz é uma das maiores aves que existe atualmente, colocando ovos que pesam até 2 kg e medem no máximo 25 centímetros. Foi quase, mas ainda não bate os 28 centímetros do ovo misterioso.

A ave endêmica da Nova Zelândia, conhecida como Kiwi, bota ovos de até 14 centímetros de comprimento e 9 centímetros de diâmetro. Seu parente já extinto, o pássaro-elefante, colocava ovos medindo 30 centímetros de comprimento, 78 de circunferência e pesando mais de 1 quilograma.

O casuar-do-Norte é outra ave capaz de colocar ovos de até 14 centímetros. Eles vivem em Papua Nova Guiné.

Os ovos de dinossauros podiam chegar até de 60 centímetros de comprimento.

O estudo foi publicado originalmente na Nature, acesse e confira.

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