Fóssil de pássaro descoberto em São Paulo é elo perdido entre dinossauros e aves

Damares Alves
Imagem: Stephanie Abramowicz

Um estudo publicado na Nature revelou segredos da evolução das aves: Um fóssil de 80 milhões de anos, excepcionalmente preservado, traz à luz uma nova espécie de pássaro do Período Cretáceo.

Este achado único oferece pistas valiosas sobre o desenvolvimento cerebral das aves durante a época dos dinossauros.

O crânio fóssil que foi encontrado em Presidente Prudente, no interior de São Paulo pertenceu a uma ave do tamanho de um pardal, a espécie batizada de Navaornis hestiae. A extraordinária conservação do espécime permitiu aos cientistas reconstruir digitalmente seu cérebro e ouvido interno. Esta reconstrução promete revelar detalhes cruciais sobre a evolução das aves em um ambiente árido do passado distante.

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Imagem: Dr Guillermo Navalón

O crânio e esqueleto completos deste pássaro pré-histórico foram preservados de forma excepcional. Isso permitiu aos cientistas realizar uma tomografia computadorizada, revelando detalhes surpreendentes sobre seu cérebro.

Guillermo Navalón Fernández, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, expressa o entusiasmo da equipe: “A estrutura cerebral do Navaornis é quase exatamente intermediária entre o Archaeopteryx e as aves modernas. Foi um desses momentos em que a peça que faltava se encaixa de forma absolutamente perfeita.”

O Navaornis hestiae apresenta um cérebro maior que o Archaeopteryx, sugerindo habilidades cognitivas mais avançadas. No entanto, algumas estruturas cerebrais, como o cerebelo, ainda não eram tão desenvolvidas quanto nas aves atuais.

Este fóssil exibe uma mistura fascinante de características antigas e modernas. Sem dentes, olhos grandes e um crânio alto e arredondado, ele se assemelha às aves contemporâneas. Mas também possui traços únicos, como um aparelho vestibular no ouvido interno maior que o de qualquer ave conhecida.

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Imagem: Dr Guillermo Navalón

O tamanho do cérebro do Navaornis hestiae, cerca de 10 mm de largura, é intermediário entre o Archaeopteryx e as aves modernas. Isso sugere um avanço gradual na complexidade cerebral ao longo da evolução das aves.

Antes deste achado, havia uma lacuna significativa no conhecimento sobre a transição evolutiva entre o cérebro do Archaeopteryx e o das aves modernas. O Navaornis hestiae oferece uma visão sem precedentes deste período crucial.

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Imagem: Dr Guillermo Navalón

O telencéfalo do Navaornis, uma estrutura cerebral ligada à cognição complexa nas aves atuais, apresenta um tamanho e formato intermediários. Isso indica que esta espécie era cognitivamente mais avançada que suas predecessoras, mas ainda não tinha alcançado o nível das aves modernas.

Esta descoberta lança luz sobre o momento e a sequência em que as características neuroanatômicas das aves modernas evoluíram. Os pesquisadores acreditam que isso pode ajudar a entender melhor como as capacidades cognitivas das aves se desenvolveram ao longo do tempo.

Apesar deste avanço significativo, os cientistas ressaltam que ainda há muito a ser compreendido sobre a relação entre a forma do cérebro e o comportamento das aves pré-históricas. Este fóssil abre novas portas para futuras pesquisas nesta área fascinante.

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