Fóssil de artrópode gigante do formato de uma nave espacial é descoberto

Jamille Rabelo
Imagem: Jean-Bernard Caron/Royal Ontario Museum

Os radiodontes são um grupo de artrópodes que se desenvolveram durante a explosão do Cambriano, entre 541 e 530 milhões de anos atrás. As espécies de radiodontes ocuparam todos os oceanos e exibiram uma variedade de formas e comportamentos. Este grupo inclui, por exemplo, filtradores, bentônicos, nadadores, bem como super predadores, o que implica que as múltiplas espécies deste grupo ocupavam diferentes nichos ecológicos.

Um estudo publicado na revista da Royal Society Open Science acaba de relatar a descrição de um fóssil de artrópode gigante. Uma nova espécie de radiodonte gigante, chamado de Titanokorys gainesi. O fóssil foi encontrado na formação de montanhas rochosas canadenses, no Parque Nacional Kootenay, Columbia Britânica.

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Reconstrução de Titanokorys gainesi. De cima para baixo: vistas dorsal, ventral, lateral e frontal. Imagem: Lars Fields, Caron e Moysiuk, 2021

O nome do gênero Titanokorys refere-se ao termo titan, devido ao grande tamanho do elemento central da carapaça desta espécie, e korys significa capacete em grego. T. gainesi pertence ao grupo Hurdiidae, que é o grupo de radiodontes mais diversificado morfologicamente.

O fóssil de artrópode era um predador voraz

Como outros radiodontes, T. gainesi tem um cone oral composto de várias placas com dentes, um par de apêndices frontais e abas laterais ao longo das brânquias de suporte do corpo. Esta espécie também tem uma espinha anterior. Sua cabeça longa é coberta por uma carapaça de três partes. Segundo um dos autores do estudo, Joseph Moysiuk, a cabeça nesta espécie é tão grande em relação ao resto do corpo que os indivíduos eram “pouco mais do que cabeças de natação”.

A carapaça de T. gainesi é, no entanto, mais larga e plana do que a média de outras espécies de radiodontes, parecida com uma nave espacial. Este formato leva os autores a acreditarem que esta espécie era nectobêntica, ou seja, que nadava perto do fundo do mar.

“Em uma época em que a maioria dos animais tinha o tamanho de seu dedo mindinho, este teria sido um predador muito grande e provavelmente perto do topo da cadeia alimentar”, disse Moysiuk.

T. gainesi pertenceu à uma época em que os primeiros ecossistemas reconhecíveis estavam tomando forma. Há mais de meio bilhão de anos, os oceanos eram repletos de organismos de corpo mole que se alimentavam de esteiras microbianas. Com a evolução dos primeiros animais predadores, os ecossistemas se tornaram mais complexos e muitos dos principais grupos de animais que ainda vivem hoje apareceram pela primeira vez: uma rotação geológica chamada “explosão Cambriana”.

Um colosso do fundo do mar

O aspecto fascinante desta descoberta é o tamanho de T. gainesi. Os autores explicam que esta espécie é um dos maiores animais cambrianos já descobertos. Este artrópode poderia de fato medir até 50 centímetros de comprimento.

Isto pode não parecer muito à primeira vista, mas este predador não é páreo para Anomalocaris (também um radiodonte), que era próximo a um metro de comprimento e é considerado um dos mais antigos super predadores.

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Imagem: Royal Ontario Museum

Segundo os paleontólogos do estudo, o enigmático T. gainesi certamente teve uma grande influência sobre o ecossistema bentônico do Cambriano. O colosso T. gainesi, cuja forma parece estranha entre os animais atuais, compartilhou o ambiente cambriano com outras espécies com morfologias igualmente curiosas.

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