Há 508 milhões de anos, um artrópode de poucos milímetros de comprimento morreu e acabou conservado pelos sedimentos do solo. Agora, uma equipe de pesquisadores olhou para os fósseis sob um microscópio e descobriu um sistema nervoso altamente conservado.
Na verdade, dois fósseis da espécie Mollisonia symmetrica contém tecidos nervosos conservados. Como relata a pesquisa, publicada no periódico Nature Communications, um dos fósseis estava armazenado na nas coleções de Harvard, enquanto o outro estava com a Smithsonian Institution.
De acordo com especialistas, contudo, ainda é muito difícil dizer qual a posição do Mollisonia symmetrica na árvore evolutiva dos artrópodes. A espécie é bastante antiga e viveu durante o período Cambriano, entre 541 e 485 milhões de anos atrás.
Justamente pelos animais serem tão antigos, a descoberta de tecidos moles, como o tecido nervoso, é uma raridade. Ao Live Science, os autores afirmam que a olho nu os fósseis não tem muito de especial. Contudo, uma inspeção no microscópio revelou que ambos continham partes dos sistema nervoso fossilizado, bem conservadas.
Nos fósseis é possível ver estruturas como parte do olho e um nervo percorrendo o corpo do animal. Ainda, os autores relatam que viram canais semelhantes aos nervos ópticos de artrópodes, mas não foi possível confirmar essa observação com riqueza de detalhes.
Encaixando o fóssil de 500 milhões de anos na árvore evolutiva
Sendo de um artrópode, este fóssil de 500 milhões de anos tem diversas similaridades com os crustáceos, insetos e aracnídeos que conhecemos. Contudo, a morfologia do animal é bastante diferente daquela dos artrópodes modernos. Assim, a equipe propôs duas possíveis linhas evolutivas para o M. symmetrica.
Estas hipóteses evolutivas indicam que o M. symmetrica compartilhou um ancestral com os animais quelicerados, como aranhas e escorpiões. Assim, é possível que o sistema nervoso altamente simples dos M. symmetrica tenha dado origem aos cérebros bastante condensados dos aracnídeos.
Contudo, as duas hipóteses divergem no posicionamento de outros artrópodes do Cambriano na árvore evolutiva. Assim, é possível que os cérebros de quelicerados tenham evoluído de forma mais ou menos linear ou que tenham surgido independentemente em organismos diferentes.
No entanto, ainda é impossível validar essas hipóteses com os dados disponíveis.
“Acho que é preciso mais preparação, um espécime melhor”, diz o especialista Nicholas Strausfeld, não envolvido com a pesquisa. “Talvez haja outro espécime por aí em algum lugar em um museu.”