Fósseis misteriosos revelam duas novas espécies de espinossauros no Reino Unido

Mateus Marchetto
Imagem: ANTHONY HUTCHINGS

Os espinossauros foram um dos maiores grupos de dinossauros predadores do planeta. Recentemente, pesquisadores descobriram que a espécie Spinosaurus aegyptiacus, por exemplo, tinha uma cauda comprida, mais ou menos como crocodilos. Agora, contudo, pesquisadores do Reino Unido identificaram duas novas espécies destes carnívoros – e de uma vez só.

Os vários fragmentos fósseis de ambos os animais foram descobertos na Ilha de Wight, famosa pela sua riqueza em fósseis de dinossauros, por diversos colecionadores diferentes. Os resquícios foram doados ao Dinosaur Isle Museum, que em parceria com diversas universidades puderam identificar as novas espécies.

A primeira espécie recebeu o nome de Ceratosuchops inferodios, que indica uma “garça infernal com chifres e face de crocodilo”. Todas essas referências no nome do bicho, na verdade, têm muito a ver com a forma como os espinossauros caçavam.

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Imagem: Chris Barker / Scientific Reports 2021.

Estes grandes predadores, em geral, caçavam tanto em ambiente terrestre quanto aquático. Alguns foram ficando cada vez mais adaptados à água, como o supracitado S. aegyptiacus, enquanto outros caçavam peixes e crocodilos esporadicamente.

O outro dinossauro, por sua vez, recebeu o nome de Riparovenator milnerae, em homenagem à pesquisadora Angela Milner, que faleceu recentemente. Não por acaso, Milner estudou e descreveu os Baryonyx, únicos espinossauros conhecidos no Reino Unido até então.

Os dois dinos, por conseguinte, tinham aproximadamente o mesmo tamanho: em torno de nove metros de comprimento, de acordo com as estimativas da pesquisa. A descoberta histórica, aliás, está publicada no periódico Scientific Reports.

Hábitat dos espinossauros britânicos

Em declaração, os autores afirmam que a descoberta era altamente possível, mas foi emocionante ao mesmo tempo. Isso porque a Ilha de Wight é uma das maiores fontes de fósseis de toda a Europa. Assim, novas espécies, inclusive de espinossauros, poderiam surgir a qualquer momento.

Além disso, os autores estimam que os espinossauros passaram por ao menos duas ondas de migração da Europa. Durante estes eventos, os predadores migraram para a Ásia, África e América do Sul.

De forma geral, pesquisadores vêm encontrando na ilha diversos fósseis de pequenos e médios herbívoros, bem como grande quantidade de peixes. Isso reforça, portanto, a disponibilidade de alimento e a potencialidade da região para abrigar grandes predadores. Além do mais, plantas carbonizadas fazem parte do registro fóssil, indicando que as florestas frequentemente passavam por queimadas naturais.

Boa parte do Reino Unido era, há 125 milhões de anos, uma planície sujeita a alagamentos frequentes. Diversos canais e rios, então, poderiam fornecer o ambiente perfeito para grandes predadores que caçassem tanto em terra quanto na água.

“Pode parecer estranho ter dois carnívoros similares e com relações [evolutivas] próximas num ecossistema, mas isso é na verdade muito comum para ambos dinossauros e diversos organismos vivos.”, afirma o co-autor David Hone.

Vale ressaltar que, conquanto mais antigos que os tiranossauros, os espinossauros se espalharam por boa parte do planeta e frequentemente eram maiores que os primeiros. Com a descoberta de novos fósseis da cauda do Spinosaurus aegyptiacus, o bicho atinge a marca de mais de 16 metros de comprimento.

As novas espécies, aliás, quase alcançam a marca dos tiranossauros, que atingiam os 13 metros de comprimento.

A pesquisa está disponível no periódico Scientific Reports.

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