Dinossauros balançavam as caudas para economizar energia

Mateus Marchetto
Imagem: Dariusz Sankowski / Pixabay

Tente andar, por um momento, sem mover os braços. Bastante estranho, certo? Esse movimento natural do caminhar para os humanos acontece, não por acaso, mas para a economia de energia no nosso corpo. Agora evidências mostram que os dinossauros faziam o mesmo, mas ao invés dos braços eles balançavam as caudas quando andando ou correndo.

As caudas sempre foram um tema de estudo interessantíssimo para biólogos. Isso porque essa parte do corpo pode ter diversas funções e formas, que mudam muito ao longo da evolução. Os grandes primatas, por exemplo, perderam o rabo há pelo menos 20 milhões de anos a partir de uma mutação, como descoberto recentemente.

Agora uma equipe de pesquisadores resolveu entender mais a fundo este membro nos dinossauros. Usando como modelo o pequeno carnívoro Coelophysis, pesquisadores descobriram que os dinossauros provavelmente balançavam as caudas enquanto andavam. O motivo: economia de energia.

Assim como nós humanos movimentando nossos braços, os dinossauros provavelmente utilizavam a energia cinética do movimento do rabo para impulsionar o passo seguinte. Contudo, há um problema primordial no estudo anatômico dos dinossauros. Acontece que apenas os ossos se conservam, sem músculos, ligamentos e tendões.

Além disso, é evidentemente impossível saber com certeza como um dinossauro caminhava. Para contornar isso, a equipe de pesquisadores utilizou softwares de análise anatômica e biomecânica para compor uma simulação do que seria o andar do Coelophysis.

De forma bastante interessante, os dinos da simulação balançavam as caudas de um lado para o outro enquanto andavam. Confira a simulação abaixo:

Testando e comparando o balançar da cauda

Para adicionar mais fidelidade à análise, os pesquisadores resolveram acrescentar uma comparação com o mais próximo que temos de um dinossauro hoje, uma ave terrestre. O tinamou é um tipo de ave sul-americana que não voa, tendo o caminhar provavelmente semelhante aos seus ancestrais dinossauros.

Assim, os pesquisadores observaram que as estimativas do software sobre o tinamou batiam com a realidade, indicando corretamente o movimento corporal e velocidade do bicho. Portanto, a simulação e a pesquisa – publicada no periódico Science Advances – provavelmente representam algo muito próximo do movimento dos dinos.

A pesquisa também reforçou que o balançar da cauda é essencial para poupar energia. Isso porque, em uma das simulações, os autores eliminaram o efeito da cauda sobre o resto do corpo. O dinossauro digital ainda conseguia andar, mas dessa vez com um gasto de energia até 18% maior.

dinosaur 5218228 1920
Imagem: Roksana Helscher / Pixabay 

Tendo isso em vista, os autores afirmam que o rabo dos dinossauros não era apenas uma estrutura passiva ou contrapeso para o movimento, como se pensou por muito tempo. A natureza busca sempre a maior economia de energia possível, e aparentemente o rabo dos dinos não era diferente.

Não à toa, aliás, praticamente todos os dinossauros tiveram caudas grandes ao longo de sua existência. De acordo com a pesquisa, inclusive, outros bípedes como os T. rex e velociraptors provavelmente balançavam as caudas como o Coelophysis.

Essa espécie de dinossauro, aliás, viveu no Triássico, a partir de 220 milhões de anos atrás. O animal tinha em torno de 3 metros de comprimento e entre 15kg e 45kg, caçando insetos e pequenos répteis.

A pesquisa está disponível no periódico Science Advances.

Compartilhar