Fósseis de parentes de peixes-boi encontrados em deserto no Egito

Jamille Rabelo

Fósseis de mamíferos marinhos sirênios, grupo composto por peixes-boi, dugongos e as extintas vacas-marinhas, foram encontrados no deserto do Egito. As datas dos fósseis são de 40 milhões de anos atrás, e mostram que esses animais já nadaram no local.

Outros fósseis do grupo já foram encontrados na região do deserto do Egito, mas esse é o primeiro que data para uma época geológica da Terra chamada de Eoceno.

Transição da terra para o mar

Assim como as baleias, os ancestrais dos peixes-boi viviam em terra antes de habitarem os oceanos. O mais antigo sirênio viveu há 50 milhões de anos. Seu nome científico é Pezosiren portelli e seu fóssil foi encontrado na Jamaica.

Essa espécie era semiaquática, ou seja, já estava em transição para o mar, mas ainda dependia da terra. O animal ainda possuía membros anteriores e posteriores característicos de mamíferos de terra. Já os atuais animais do grupo dos sirênios são totalmente aquáticos e possuem nadadeiras como membros anteriores e uma cauda ao invés de membros posteriores.

Animais como os peixes-boi e dugongos se alimentam apenas de algas e plantas marinhas, como o capim aquático. Esse tipo de alimento cresce em águas mais rasas e em estuários, ambientes com luz necessária para realizar fotossíntese. Dessa forma, os sirênios habitam esses ambientes, sendo vulneráveis à poluição costeira e outros impactos causados por humanos. Além disso são bastante calmos, o que facilita sua caça.

Atualmente, ainda existe população de dugongos habitando o Egito, na região do Mar Vermelho.

Os fósseis encontrados no deserto do Egito

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Fóssil de vértebra do antigo Sirênio encontrado no leste do deserto do Egito. Foto: Mohamed Korany Ismail Abdel-Gawad

Em 2019, cientistas encontraram fósseis de membros, vértebras e costelas de uma vaca-marinha no leste do deserto egípcio. O indivíduo encontrado era um jovem adulto, segundo Mohamed Korany, paleontólogo e pesquisador da Universidade de Cairo.

Os pesquisadores apresentaram a nova pesquisa esse mês em conferência virtual e ainda a publicarão.

O estudo mostra mais evidências que o deserto do Egito já foi um ambiente marinho raso no passado. Dessa forma, a presença de sirênios, animais marinhos herbívoros, sustenta a hipótese que eles também habitavam águas mais rasas antigamente, em busca de alimentos.

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Outros fósseis de sirênios, dentro do grupo dos dugongos, já foram encontrados no deserto do Egito, mas na sua região oeste, na área de Faium. As datações dos fósseis são de épocas geológicas do Eoceno até o Oligoceno, variando entre 56 a 23 milhões de anos atrás.

A nova descoberta do fóssil no leste do deserto egípcio, datado para o Eoceno, também coincide com fósseis encontrados na África da mesma época. No continente africano, os fósseis encontrados são de países como Líbia, Somália e Togo, demonstrando que antigamente também existia águas rasas dentro do território desses locais.

Os resultados encontrados no estudo destacam a importância evolucionária dos sirênios, que podem atuar como indicadores para a paleoecologia.

Com informações de Live Science

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