O foguete, cuja projeção é de que tenha pousado na cratera Hertzsprung, no lado distante do satélite natural. A energia da colisão teria conseguido perfurar uma cratera cujo tamanho, acreditam cientistas, seria de 20 metros de largura.
O ocorrido provavelmente foi no último dia 4, e o impacto teria lançado uma nuvem de poeira lunar a centenas de quilômetros de altura.
Essa é a primeira vez que um foguete cai na Lua acidentalmente. Mas como a colisão com a superfície lunar foi no lado oculto, pode levar meses para os cientistas encontrarem a cratera, para assim confirmar o impacto e possivelmente achar pistas que possam indicar como tudo aconteceu.
A origem controversa do foguete
Muitos especialistas pensam que o lixo orbitante, que vinha rondando pelo espaço por mais de sete anos, seja o estágio superior gasto de um foguete lançado durante uma das primeiras incursões da China para a Lua, em 2014. Mas os oficiais chineses discordam, afirmando que seu estágio superior queimou na atmosfera terrestre alguns anos atrás.
Bill Gray, um astrônomo estadunidense e desenvolvedor do software Project Pluto, que rastreia asteroides, disse estar confiante de que o foguete é, de fato, chinês.
“Estou bem convencido de que não há chances de ser qualquer outra coisa”, contou ele. “Nesse ponto, raramente apontamos algo com tamanha certeza”.
Gray primeiramente previu que os destroços colidiriam com a Lua depois de tê-lo visto passeando pelo espaço em março de 2015. Como o objeto não orbitava o Sol como faria um asteroide, o astrônomo suspeitou que se tratava de algo feito pelo homem.
Oficiais do ministério do exterior da China negam que o lixo espacial seja deles, insistindo que o foguete Chang’e 5 já queimou ao reentrar na atmosfera da Terra. Contudo, especialistas norte-americanos acreditam que eles poderiam estar confundindo o foguete de 2014 com o de 2020, e que o primeiro teria sido aquele que caiu na Lua.
Os dados de Gray apontam na mesma direção.
“É na órbita que grande parte das missões lunares são feitas; a inclinação desse indica que, no passado, ele tinha saído da China; estava indo para o leste, da maneira que as missões lunares chinesas fazem; e a estimativa do seu tempo de lançamento recai dentre os 20 minutos do foguete Chang’e 5T1”.
Um satélite de rádio amador foi acoplado nesse foguete nos 19 primeiros dias do seu voo, disse Gray, e os dados de trajetória enviados de volta pelo satélite correspondem perfeitamente à trajetória dos detritos do foguete.
Devido à velocidade com a qual viajava, espera-se que pouca evidência dos seus restos seja encontrada além da cratera que o foguete formou ao colidir. Gray afirma que a confusão em torno da identidade do objeto enfatiza a necessidade de países exploradores do espaço e companhias engajadas a começarem um melhor rastreamento dos foguetes que são enviados para o espaço.
Isso não seria importante apenas para que não sejam confundidos com asteroides que ameaçam a Terra, mas também para manter o espaço em torno do planeta limpo de detritos.
“Do meu ponto de vista egoísta, isso nos ajudaria a rastrear melhor os asteroides”, Gray falou. “A importância que se dá aos satélites de baixa órbita da Terra não foi aplicada para os de alta órbita, porque as pessoas acreditam que isso de fato não importa. Minha esperança é que, agora que os Estados Unidos consideram um retorno à Lua e outros países estão enviando coisas para lá também, essa atitude mude”.