Diversos estudos, nacionais e internacionais, comprovam a eficácia das florestas na regulação do clima global, agindo como um sumidouro de carbono e ajudando a reduzir a circulação de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera. Corroborando com esse fato, uma recente pesquisa demonstrou que o Eucalipto é capaz de armazenar grandes quantidades de carbono – mais de 674 toneladas de carbono por hectare fornecidas apenas pela espécie.
Essa capacidade está intimamente ligada ao processo de fotossíntese, no qual as plantas absorvem dióxido de carbono (CO2) da atmosfera para produzir energia, enquanto liberam oxigênio como subproduto.
Além disso, as florestas armazenam grandes quantidades de carbono em sua biomassa da parte aérea (tronco e copa), nas raízes e na adição de partículas orgânicas ao solo, ajudando a mitigar os efeitos do aumento das concentrações atmosféricas de CO2, óxido nitroso (N2O) e metano (CH4), os principais gases responsáveis pelo aquecimento global.
Eucalipto e seu potencial no armazenamento de carbono
Um estudo publicado no MDPI desenvolvido pela Embrapa Cerrados (DF) em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) mostra que os plantios de povoamentos de eucalipto podem armazenar grandes quantidades de carbono, assim como as áreas de Cerrado nativo, contribuindo para a mitigação de GEE, sobretudo o CO2.
Os resultados revelam níveis significativos de carbono em plantios de eucalipto e em uma área de crescimento natural concentrada, acima de 183,99 toneladas por hectare (t/ha), acumulada principalmente no solo. Isso demonstra que a espécie pode contribuir para a fixação de mais de 674,17 t/ha de CO2.
Alcides Gatto, pesquisador da UnB e um dos autores do trabalho, explica que “[…] a remoção de GEE da atmosfera por plantios florestais em savanas deve ser considerada, se não para longo prazo, pelo menos para compensações de carbono no curto prazo. No caso de povoamentos de eucalipto, o corte é realizado aos 7, aos 14, e aos 21 anos do plantio para papel e celulose, que é o principal uso no Brasil.”
Desenvolvimento do trabalho
Os pesquisadores realizaram um inventário florestal para estudar a composição florística da área do Cerrado nativo, tendo em vista que o trabalho foi desenvolvido na zona rural do Paranoá (DF).
De acordo com os resultados, no eucalipto, a madeira representa a parte da planta que mais acumula biomassa e carbono, enquanto nas demais partes, como casca, folhas e galhos, o acúmulo pode variar dependendo das características específicas da área em estudo.
Karina Pulro lnik, pesquisadora da Embrapa Cerrados, explica que as áreas de plantio de eucalipto com quatro anos de idade (154,23 t/ha) e de Cerrado nativo (154,69 t/ha) registraram as maiores quantidades de carbono para todas as camadas de solo estudadas.
Eucalipto jovem tende a estocar mais carbono
Mesmo com as variações nos resultados da dinâmica de carbono entre os diferentes elementos das árvores, incluindo raízes e solo, nas três áreas examinadas, os estoques totais de carbono foram mais elevados no plantio de eucalipto mais jovem, com quatro anos de idade (226,23 t/ha).
O aumento é provavelmente atribuído à maior produção de biomassa nos estágios iniciais de crescimento, uma vez que o crescimento das plantas tende a diminuir com o tempo.
Os pesquisadores também destacam a capacidade impressionante das espécies florestais, tanto nativas quanto plantadas, em absorver o CO2, mantendo um saldo positivo, mesmo após considerar perdas devido à respiração, mortalidade das plantas e liberação gradual de CO2 de volta para a atmosfera.
Fabiana Piontekowski Ribeiro, engenheira-florestal e participante da pesquisa afirma que “Isso valida a importância de florestas nativas e plantadas como drenos de GEE, em especial o CO2 , pois mitigam as mudanças climáticas, mostrando relevância para a sustentabilidade local e para a geração de mercado de carbono.”