Novo estudo mostra que a fotossíntese não funciona como pensamos

Letícia Silva Jordão
Imagem: Unsplash
Destaques
  • Um novo estudo publicado na revista Nature revela que uma etapa da fotossíntese funciona de forma diferente do que se acreditava anteriormente, mostrando que os elétrons são liberados dos fotossistemas mais cedo do que o esperado.
  • A espectroscopia de absorção transiente ultrarrápida, que permite estudar a fotossíntese em uma escala de tempo de um quadrilionésimo de segundo, foi crucial para esta descoberta e revelou que o andaime de proteína dos fotossistemas é menos espesso do que se pensava.
  • A descoberta abre caminhos para novas pesquisas sobre o processo de fotossíntese, com possíveis implicações no desenvolvimento de plantas mais resistentes à luz solar e na criação de fontes de energia renováveis para combater as mudanças climáticas.

Todos sabemos que a fotossíntese é o processo pelo qual as plantas convertem o dióxido de carbono em água e oxigênio que elas usam como energia. Para isso elas usam a luz do Sol e fotossistemas para criar as reações químicas necessárias para o processo acontecer.

No entanto, um novo estudo mostrou que a fotossíntese não funciona como pensamos. Existe uma etapa no processo que funciona de forma diferente de como os cientistas haviam estudado anteriormente.

Uma etapa da fotossíntese não funciona como pensamos

O estudo que mostra que a fotossíntese não funciona como pensamos foi publicado na revista Nature. A princípio, a equipe de pesquisadores tentavam descobrir como as quinonas (pequenas moléculas que roubam elétrons no processo químico) poderiam afetar a fotossíntese.

Para isso, os pesquisadores utilizaram uma nova técnica conhecida como espectroscopia de absorção transiente ultrarrápida. Ela permite que a fotossíntese seja estudada em uma escala de tempo de um quadrilionésimo de segundo.

No entanto, o estudo que deveria descobrir mais sobre as quinonas acabou revelando que os elétrons poderiam ser liberados dos fotossistemas mais cedo do que os cientistas acreditavam acontecer.

A coautora do estudo, Jenny Zhang ficou impressionada com a descoberta. “Pensamos que estávamos apenas usando uma nova técnica para confirmar o que já sabíamos. Em vez disso, encontramos um caminho totalmente novo e abrimos um pouco mais a caixa preta da fotossíntese”.

Pesquisa abre novos caminhos

Para entender a descoberta, precisamos compreender sobre os fotossistemas que são usados durante a fotossíntese: o fotossistema I (PSI) e o fotossistema II (PSII).

Aqui, o PSII fornece elétrons ao PSI onde ele os retira das moléculas de água. Assim, o PSI deixa os elétrons excitados antes de liberá-los para serem dados ao dióxido de carbono para a criação de açúcares.

Antigamente, pesquisas indicavam que o andaime de proteína dos dois fotossistemas eram espessos, o que levava a manter os elétrons dentro deles por mais tempo antes de serem repassados.

Mas, com o uso da nova tecnologia, foi visto que esse andaime de proteína não é tão espesso quando se pensava, fazendo com que os elétrons escapem dos fotossistemas quase que ao mesmo tempo após a luz ser absorvida pela clorofila dos fotossistemas.

Dessa forma, o estudo mostrou que os elétrons podem ir até o seu destino de forma ainda mais rápida.

A partir dessa descoberta, foi possível abrir caminhos para novas pesquisas. Os cientistas acreditam que ao aprender mais sobre o processo será possível produzir plantas mais resistentes à luz solar ou que criem fontes de energia renováveis que combatam as mudanças climáticas.

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