Em um estudo publicado em 27 de julho na revista Papers in Palaeontology, cientistas portugueses anunciaram a descoberta de um ninho de abelhas fossilizado, o primeiro em que as abelhas estão de fato preservadas dentro dele.
As abelhas foram descobertas em rochas formadas há cerca de 3.000 anos na costa atlântica de Portugal. A equipe de pesquisa encontrou fósseis de pequenas estruturas em forma de bulbo, que foram identificados como vestígios de antigos casulos. Contudo, devido à semelhança dessas tocas com as cavadas por várias espécies de abelhas ou vespas, os cientistas inicialmente acreditavam que nunca identificariam o criador desses abrigos. Essa suposição mudou quando encontraram casulos intactos e selados.
Mais tarde, ao digitalizar as amostras utilizando radiografia, a equipe conseguiu visualizar resquícios de abelhas ancestrais ocultas dentro desses casulos, que mantiveram uma aparência notavelmente inalterada, mesmo após milênios. Os exemplares estão tão bem preservados que os cientistas conseguiram classificá-los no grupo Eucerini, um conjunto de abelhas caracterizado geralmente por antenas surpreendentemente longas. Esta é uma das cerca de 700 espécies de abelhas que ainda hoje existem em Portugal continental.
Os espécimes encontrados também contêm evidências de pólen de uma planta Brassicaceae, o que indica que eles poderiam estar se alimentando quando morreram.
Essas abelhas depositam seus ovos em tocas subterrâneas, onde eventualmente, suas larvas formam casulos enquanto crescem e maturam em abelhas adultas, surgindo então na superfície. Contudo, estas abelhas não tiveram tanta sorte, elas morreram antes de alcançarem essa fase – e de uma maneira que pode ter contribuído para a sua conservação extraordinária.
Os casulos, agora descobertos, resultaram de um método de fossilização extremamente raro – normalmente o esqueleto destes insetos é rapidamente decomposto devido à sua composição.
A equipe de pesquisa supõe que todas as abelhas morreram ao mesmo tempo, devido a um congelamento repentino ou por inundações e logo depois foram soterradas. Estas condições poderiam ter criado um mini-ambiente sem oxigênio em torno das abelhas, o que poderia ter afastado as bactérias que normalmente ajudariam a decompor os corpos dos insectos depois de morrerem, propuseram os autores do estudo.
Os cientistas já sabiam que as abelhas viviam em Portugal há 3.000 anos, mas este estudo nos dá uma visão mais clara sobre a capacidade dos fósseis para recuperar aspectos do comportamento e da história de vida das abelhas.