Escorpião-marinho de 1 metro viveu na China há 400 milhões de anos

Mateus Marchetto
Imagem: Dinghua Yang

Há mais de 400 milhões de anos, os mares da Terra estavam cheios de artrópodes e outros invertebrados marinhos. Alguns inclusive atingiam tamanhos e aparências assustadoras para algo parecido com um inseto. Nesse sentido, pesquisadores agora descrevem uma nova espécie de escorpião-marinho que viveu na China e foi o topo da cadeia alimentar de seu ecossistema.

Batizado de Terropterus xiushanensis, o escorpião-marinho compõe um grupo de animais com pouquíssimas espécies conhecidas. Fora esse novo artrópode, existem apenas outras 4 espécies de animais semelhantes, divididas em dois gêneros.

Mixopterus kiaeri da Noruega, Mixopterus multispinosus de Nova Iorque, Mixopterus simonsoni da Estônia, e Lanarkopterus dolichoschelus da Escócia” são os demais fósseis destes animais descobertos nos últimos 80 anos, segundo a pesquisa publicada no periódico Science Bulletin.

Apesar do apelido, ademais, estes animais são na verdade muito distantes de escorpiões. Os Euptéridos, comumente chamados de escorpiões-marinhos eram artrópodes primitivos que viveram no Paleozoico. As espécies citadas acima, especialmente, viveram todas durante o período Siluriano – entre 443 e 416 milhões de anos atrás.

Nesse período da história do planeta, por conseguinte, a biodiversidade ainda estava se recuperando das duas maiores extinções em massa já registradas. A primeira ocorreu no fim do período Cambriano, há 488 milhões de anos. Já a seguinte – do Ordoviciano – coincidiu com o surgimento do escorpião-marinho, há 443 M.A.

Estas duas baixas na biodiversidade permitiram, em primeira instância, a seleção de muitas espécies e, em segundo lugar, sua diversificação e dominação dos ambientes. Tendo isso em vista, pesquisadores sugerem que o escorpião marinho era o topo da cadeia alimentar do Siluriano.

O escorpião-marinho era um caçador aquático implacável

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Fósseis e reconstrução digital do T. xiushanensis. Imagem: Wang et al. / Science Bulletin 2021.

Para quem tem fobia de artrópodes como aranhas e caranguejos, a visão de um T. xiushanensis resultaria, no mínimo, em uma crise de pânico. Isso porque esse animal podia alcançar até 1 metro de comprimento, de acordo com a equipe de pesquisadores liderada por HanWang.

Vale comentar, portanto, que a taxa de oxigênio na atmosfera neste período era bem mais alta do que hoje. Isso foi principalmente evidente no período Carbonífero (alguns milhões de anos mais tarde), quando insetos gigantes dominaram o planeta.

As evidências mostram, contudo, que o escorpião-marinho era bastante adaptado à caça. Esta família de animais possuía, não obstante, algumas adaptações marcantes como membros anteriores compridos e cheios de espinhos. Na nova espécie, especialmente o terceiro par de apêndices tinha estruturas pontudas ligadas a um membro comprido.

Ademais, os dados sugerem que os fósseis presentes na pesquisa pertenceram majoritariamente a animais jovens. Ou seja, adultos da espécie poderiam até passar de 1 metro de comprimento.

Esse tamanho excepcional, além de seus membros anteriores avantajados e mortais, sugerem que esta espécie de escorpião marinho era um caçador nato. Isso se reforça, também, pela biodiversidade aquática do planeta nessa época – que era composta principalmente de invertebrados menores que os Euptéridos.

Apesar disso, os peixes, como os primeiros tubarões, já existiam nessa época em que o supercontinente Pangéia já havia começado a se dividir.

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