Equipe feminina de robótica afegã está ‘implorando’ autorização para se mudar pro Canadá

Rafael D'avila

Nestes últimos dias o mundo inteiro acompanhou a posse do Talibã sobre o Afeganistão. Sem ter outra saída, a equipe feminina de robótica do país quer se mudar. O grupo ganhou as manchetes em 2017, quando foram brevemente proibido de viajar para os Estados Unidos, contudo, agora estão implorando por um ‘exílio’ no Canadá.

Com o futuro incerto no Afeganistão, sob o comando dos extremistas talibãs, a equipe feminina de robótica, chamada ‘Sonhadoras Afegãs’, surgiu há quatro anos. Agora, a última invenção foi um ventilador manual de baixo custo para pacientes com coronavírus, confeccionado a partir de peças descartadas de antigos Toyota Corollas.

Equipe feminina de robótica afegã
Garotas criando ventilador manual. Imagem: Somaya Faruqi/ Thomson Reuters Foundation

As jovens aparentemente estavam construindo uma carreira longa, sólida e bem-sucedida, todavia, se sentem apavoradas com o que pode acontecer caso continuem no país. “O que tem acontecido com as meninas na última semana é que o Talibã está literalmente indo de porta em porta e levando as garotas para fora e forçando-as a se tornarem noivas, ou seja, está um caos”, disse a advogada de direitos humanos Kimberley Motley à Canadian Broadcasting Corp (CBC) no domingo.

“Estamos muito, muito preocupados que isso aconteça com essa equipe feminina de robótica afegã. Essas meninas que querem ser engenheiras, desejam estar na comunidade de IA e ousam sonhar em ter sucesso”, completou ela.

Equipe feminina de robótica afegã participou do Fórum da Liberdade, em 2018

A advogada ainda continuou o pedido quase ‘implorando’ para que o governo canadense conceda abrigo para a equipe. “Elas querem ser educadas”, disse Motley à CBC. “Merecem estar em um lugar seguro. Planejam deixar o Afeganistão orgulhosas e continuar com seus sonhos de IA”.

“A equipe feminina de robótica acredita que o Canadá seria um lugar incrível para continuar a ter basicamente um futuro”, compartilhou a advogada. Entretanto, esse discurso atual é diferente daquele proferido por Fatemah Qaderyan, capitã da equipe, no Fórum da Liberdade de Oslo, em 2018.

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Fatemah Qaderyan no Fórum da Liberdade de Oslo. Imagem: Reprodução/ Medium

“Tudo em uma criança começa com a imaginação”, disse Fatemah durante a palestra. “Depois de um tempo, a imaginação cresce e se torna um sonho. Uma vez que eles têm esse sonho, eles querem realizá-lo. No entanto, as crianças que vivem em zonas de conflito […] ouvem que seus sonhos continuarão sendo apenas sonhos”.

“A liderança deve estar nas mãos da juventude, da geração que considera a tecnologia uma arma contra a guerra. Agora que experimentamos o primeiro gostinho da educação, estamos determinados a obter o máximo que pudermos para construir um futuro melhor para nosso país”.

20 meninas entre doze e dezoito anos formam a equipe feminina de robótica afegã, e querem ir ao Canadá para garantir segurança e foco.  “Estão preocupadas com o que o amanhã trará”, disse Motley. “Elas querem continuar a ser o futuro do Afeganistão, entretanto, é uma situação extremamente tênue e perigosa para todos”, finalizou.

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