Qual o real efeito de uma guerra nuclear? Novo estudo mostra as consequências

Letícia Silva Jordão
Imagem: Detonação da bomba “Little Boy” em Hiroshima no Japão em 1945

Todos sabem que o efeito de uma guerra nuclear seria catastrófico para o planeta e para a nossa população, mas um novo estudo publicado no Journal of Geophysical Research: Atmospheres mostra com mais detalhes o nível da destruição que uma explosão nuclear causaria na nossa atmosfera.

A nova pesquisa mostra que os danos ao meio ambiente podem ser mais agressivos do que estudos anteriores sugerem.

Análise do efeito de uma guerra nuclear

Para realizar a pesquisa, foram utilizados alguns dos modelos mais atualizados e detalhados, que consideraram o conjunto de reações químicas que ocorreriam na estratosfera, a camada mais baixa da atmosfera na Terra.

Os cientistas tinham suspeitas que o efeito de uma guerra nuclear seria o da destruição da camada de ozônio, que resultaria no aumento da luz ultravioleta que poderia ser bloqueada pela quantidade de fumaça emitida.

Mas, segundo Alan Robock, cientista climático da Universidade Rutgers em Nova Jersey, pela primeira vez foi possível calcular e quantificar como isso funcionaria, e o quanto da luz ultravioleta poderia ser bloqueada por conta da quantidade de fumaça.

O grupo também analisou o efeito de uma guerra nuclear sob uma perspectiva global e regional, e viram que uma guerra nuclear global faria com que perdessemos em média 75% da camada de ozônio ao longo de 15 anos, enquanto uma regional faria com que 25% da camada fosse perdida em 12 anos.

Efeitos do excesso de raios ultravioletas na atmosfera

Como resultado da pesquisa, os cientistas concluíram que, por mais que a fumaça bloqueasse a luz, os danos causados na camada de ozônio ainda permitiriam que os raios ultravioletas atingissem a superfície da terra com mais intensidade.

Essa quantidade maior de luz chegando no planeta poderia trazer sérias consequências para aqueles que conseguissem sobreviver à explosão inicial. O câncer de pele poderia se desenvolver mais rápido, e as pessoas teriam dificuldade em conseguir alimentos por conta dos processos agrícolas prejudicados e pela perda de ecossistemas inteiros que não sobreviveriam a guerra nuclear.

O cientista atmosférico Charles Bardeen, do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica no Colorado diz que “As condições mudariam drasticamente e as adaptações que podem funcionar no início não ajudarão conforme as temperaturas voltam a se aquecer e a radiação ultravioleta aumenta”.

Primeiras teorias previam uma idade de gelo

As primeiras teorias sobre os efeitos de uma guerra nuclear surgiram na década de 1980, e previam que além da morte de milhões de pessoas em algumas horas, o clima do planeta mudaria devido ao inverno nuclear.

A teoria inicial deste fenômeno foi trabalho do cientista soviético Vladimir Alexandrov, que a partir de evidências concretas mostrou que a fumaça das armas nucleares lançariam escórias e aerossóis a alturas estratosféricas, fazendo com que a incidência dos raios solares diminuíssem na terra, reduzindo assim as temperaturas globais e favorecendo o surgimento de uma nova idade de gelo.

A nova pesquisa sugere que o efeito de uma guerra nuclear, sendo ela regional ou global, seria devastadora, e a temperatura do planeta aumentaria de forma generalizada.

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