Vídeo mostra como ventos solares atingem campo magnético de Marte

Felipe Miranda
(Imagem: NASA Goddard Space Flight Center)

Acredita-se que há muito tempo Marte pode ter sido um planeta muito parecido com a Terra: muita água, muita vida. Entretanto, hoje o planeta vermelho é um planeta mórbido. Sabe-se que ele perdeu sua atmosfera por ter seu campo magnético enfraquecido.

O campo magnético serve como uma espécie de barreira para os ventos solares – partículas carregadas vindas do Sol -, e é essa interação dos ventos solares com a magnetosfera que gera as auroras boreais e austrais, por exemplo.

Em Marte, a perda desse campo, portanto, o deixou desprotegido. Os ventos solares então, aos poucos arrancaram a atmosfera do planeta. É esse fenômeno que cientistas da NASA buscaram destrinchar.

Com dados coletados por cinco anos pela sonda MAVEN (Mars Atmosphere and Volatile Evolution – Atmosfera de Marte e Evolução Volátil, no português), cientistas mapearam o sistema de correntes elétricas do planeta vermelho.

O estudo foi publicado nos últimos dias na revista Nature Astronomy.

Como assim correntes elétricas na atmosfera?

Os ventos solares são formados predominantemente por elétrons e prótons eletricamente carregados, e também são magnetizados. Apesar de Marte não possuir mais o campo magnético, há uma magnetosfera induzida, a partir da ionosfera, que impede esse vento solar de entrar facilmente.

Curiosamente, são os ventos solares acabam por gerar e alimentar e fortalecer essa magnetosfera, e ninguém sabe o motivo.

Quando essas partículas solares chegam na magnetosfera induzida, a diferença de polaridade as divide para os lados, e elas então correm em volta ao planeta, fluindo da área diurna para a área noturna, como pode se notar na imagem abaixo: 

correntes elétricas
(Imagem: NASA Goddard Space Flight Center)

A radiação solar ainda acabam por ionizar partículas (retirar elétrons da eletrosfera; o átomo perde seu “equilíbrio de cargas”) presentes na rarefeita atmosfera, gerando, portanto, mais partículas que carregam eletricidade.

O físico experimental Robin Ramstad, o coordenador do estudo, disse que: “A atmosfera de Marte se comporta um pouco como uma esfera de metal que fecha um circuito elétrico”.

Qual a relação disso com a perda atmosférica?

Além das partículas atmosféricas ionizadas por raios-x, raios gama e ultravioleta, que se juntam à corrente externa dos planetas, a própria corrente, elétrica e magnética, acaba por acelerar essas partículas em direção ao espaço.

Segundo os cientistas, é muito complicado detectar essas partículas que eletrizam a atmosfera. Felizmente, com um magnetômetro na sonda eles puderam detectar anomalias magnéticas para efetuar o rastreamento. 

“Essas correntes desempenham um papel fundamental na perda atmosférica que transformou Marte de um mundo que poderia ter sustentado a vida em um deserto inóspito”, disse Ramstad à imprensa da NASA.

A NASA produziu um vídeo sobre o trabalho, que está disponível abaixo:

(Imagem: NASA Goddard Space Flight Center)

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