Descoberto novo mecanismo que regula o tamanho de células

Mateus Marchetto
Imagem: ZEISS Microscopy / Flickr

O tamanho de células eucarióticas varia muito de tecido para tecido. Ainda assim, um inseto e uma baleia têm, em média, células do mesmo tamanho. Pesquisadores agora, nesse sentido, descobriram um novo mecanismo que pode regular o tamanho de células.

Células de qualquer organismo, de fora geral, recebem milhares de sinais a todos os momentos. No caso dos animais, nossos tecidos se comunicam por hormônios e neurormônios e também recebem sinalização do ambiente e de células vizinhas. Essas sinalizações regulam, basicamente, todas as funções da célula, ao passo que uma célula sem sinalização acaba morrendo.

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Espécie de Arabidopsis. Imagem: Wikipedia Commons.

Contudo, estudando as plantas-modelo Arabidopsis, pesquisadores identificaram um mecanismo epigenético que pode auxiliar na regulação do tamanho de células da planta. Acontece que, mais uma vez, o DNA pode ser uma das explicações para que células tenham tamanhos mais ou menos padrão em cada tecido.

De acordo com a nova pesquisa, publicada no periódico Science, a proteína KRP4 presente nas células da Arabidopsis se associa ao DNA logo antes da divisão. Devido à ação de uma segunda proteína, a FBL17, toda a KRP4 que não se liga ao DNA acaba destruída.

Isso faz com que as células filhas tenham quantidades equiparáveis de KRP4, o que mantém as células filhas com o tamanho de célula progenitoras, de forma constante.

Usando o DNA como régua para o tamanho de células

Ensaios feitos a partir da inibição da KRP4 no laboratório mostraram que a proteína tem um papel fundamental na regulação do tamanho de células da Arabidopsis. Basicamente, a KRP4 atrasa a replicação do DNA.

Aqui vale comentar que a replicação é a formação de duas cópias do DNA. Isso precisa acontecer antes da divisão celular: assim cada uma das células filhas vai carregar um DNA aproximadamente igual.

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Cromossomos (azul) alinhados pelo fuso mitótico (vermelho) para a divisão celular. Imagem: ZEISS Microscopy / Flickr

Portanto, se uma célula fica muito pequena após a divisão, a KRP4 retarda a divisão até que a célula tenha tamanho suficiente para se dividir. Tendo isso em vista, a KRP4 terá uma concentração maior em células menores. Já células muito grandes precisam se dividir mais rápido, e assim terão KRP4 em maior concentração.

“A chave é usar o DNA como molde para acumular a quantidade certa de uma proteína, a qual então precisa ser diluída antes de que a célula divida. É animador encontrar uma solução tão simples para um problema de longa data.” diz Robert Sablowski, autor do estudo, em uma declaração.

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