Agora átomos podem ser vistos dentro das proteínas

Cristina Dyna
Apoferritina em alta resolução com microscopia crioeletrônica. (Paul Emsley / MRC Laboratory of Molecular Biology)

Uma nova descoberta científica revolucionou a microscopia. Agora átomos podem ser vistos dentro das proteínas em alta resolução. Antes disso era possível ver partes menores de uma proteína com a técnica de cristalografia de raios-x. Entretanto, esta precisa de complexos procedimentos que as vezes podem ser bastante demorados. Por outro lado, com a nova técnica de de microscopia eletrônica tudo ficará mais fácil.

A microscopia

Quebrar as proteínas em partes menores para ver sua estrutura sempre foi um objetivo de cientistas. Por isso, a técnica da cristalografia de raios-x é a mais utilizada desde a década de 50. Entretanto, ela as vezes precisa de meses para ser concluída e não é possível fazer em todas as proteínas. As proteínas maiores encontram certa dificuldades para serem analisadas com essa técnica.

A técnica consiste em quebrar as proteínas em moléculas ainda menores. Portanto, estas ficam semelhantes a cristais, dando o nome do processo de cristalização. As proteínas cristalizadas são então analisadas com raios-x. Assim, é possível observar a possível composição e forma da proteína.

Átomos podem ser vistos dentro das proteínas
Cristalografia de raio-x. (Gregory A. Pozhvanov | Shutterstock/News medical life sciences)

Átomos vistos dentro das proteínas

Uma técnica revolucionária na microscopia eletrônica oferece resultados ainda melhores. A microscopia crioeletrônica compete com a cristalografia de raios-x, pois com ela é capaz de se ver imagens de alta resolução. Segundo a IFLScience, “A microscopia eletrônica vem revolucionando rapidamente a biologia estrutural desde que três cientistas ganharam o Prêmio Nobrel de Química por desenvolvê-la em alta resolução em 2017”.

Essa técnica não necessita de processos complexos. Para realizá-la é apenas necessário congelar a proteína por volta de -200º. Posteriormente, a proteína é posta em feixes de elétrons. Então, um programa de computador compreende os dados dos elétrons e consegue mostrar na tela a proteína com muitos detalhes e nitidez.

Os cientistas da área se mostram bastante animados com a descoberta. O estudioso na área de microscopia crioeletrônica Melanie Ohi, da Universidade de Michigan, se demonstra maravilhado com a nova técnica de acordo com a Sciencemag.

Uma proteína que contém moléculas que armazenam ferro (apoferritina) foi submetida à técnica da microscopia crioeletrônica. Como resultado esta foi a primeira vez que os átomos de uma molécula foram mostrados de uma forma tão nítida em alta resolução.

Apesar da técnica ser maravilhosa ela ainda precisa ser melhorada, pois apenas funciona com proteínas que contém moléculas rígidas. Portanto, os próximos passos consistiria em conseguir fazer o mesmo procedimento obtendo os mesmos resultados em moléculas menos duras e maiores.

A descoberta é fascinante e comprometedora. Os biólogos estruturais acreditam que a técnica podem revolucionar muitos estudos. Porém, é provável que esteja chegando a um limite. “Podemos ver uma melhora limitada com as últimas descobertas” foi o que disse Holger Stark, especialista da área de microscopia do  Instituto Max Planck de Química Biofísica.

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