Descoberto na ilha grega de Creta, palácio de 4.000 anos tem labirintos misteriosos

Daniela Marinho
Visão panorâmica da estrutura de 4.000 anos que foi recentemente descoberta no topo de uma colina em Kastelli, na Grécia. Imagem: Ministério da Cultura

Arqueólogos descobriram uma estrutura circular de 4.000 anos no topo de uma colina na Grécia, que possivelmente servia como local para antigos rituais minoicos que consistiam em práticas religiosas realizadas pela civilização que floresceu na ilha de Creta durante a Idade do Bronze, aproximadamente entre 3000 a.C. e 1100 a.C. Esses rituais são conhecidos principalmente através de evidências arqueológicas, como ruínas de palácios, artefatos, pinturas murais e inscrições.

De acordo com os especialistas, a construção é composta por oito anéis de pedra sobrepostos, interligados por pequenas paredes que formam diversas salas, resultando em um design quase labiríntico.

Em um comunicado, representantes do Ministério da Cultura grego, que divulgaram a descoberta, fizeram referência ao famoso labirinto associado ao Rei Minos de Creta, sugerindo uma possível conexão simbólica entre as duas estruturas.

Estrutura particularmente única

A descoberta arqueológica fascinante foi feita aproximadamente 51 quilômetros a sudeste de Heraklion, a capital de Creta, enquanto operários da construção civil estavam instalando um sistema de radar de vigilância para um novo aeroporto.

No topo de uma colina próxima à cidade de Kastelli, os trabalhadores encontraram uma estrutura excepcional com um diâmetro de 48 metros. Este antigo edifício parece ser dividido em duas zonas principais: no centro, há uma construção circular com um diâmetro de 15 metros, e ao redor, uma área definida por paredes que se irradiam a partir do centro.

Civilização minoica

Durante as escavações, os arqueólogos encontraram fragmentos de cerâmica cujo estilo permitiu datar provisoriamente a estrutura entre 2.000 e 1.700 a.C., situando-a no auge da civilização minoica.

Entre cerca de 3.000 e 1.100 a.C., os minoicos desenvolveram uma das primeiras culturas complexas da Europa na ilha de Creta, deixando um legado impressionante. Sua herança inclui elaboradas peças de cerâmica, estatuetas, joias e frescos coloridos.

Contudo, apesar dessas descobertas materiais, a principal linguagem escrita dos minoicos, conhecida como Linear A, ainda não foi totalmente decifrada, mantendo muitos aspectos da sua cultura envoltos em mistério.

Após o colapso de sua civilização, os minoicos ficaram praticamente esquecidos por muitos séculos, até que no início do século 20, o arqueólogo Sir Arthur Evans trouxe-os de volta à atenção do mundo. Foi Evans quem introduziu o termo “minoico”, inspirado no lendário Rei Minos da mitologia grega.

Um dos exemplos mais famosos da arquitetura minoica é o antigo palácio de Cnossos, caracterizado por um grande pátio central cercado por alas com dezenas de salas menores, todas interligadas por uma rede de corredores.

Apesar de serem comumente referidas como “palácios”, essas imponentes construções minoicas não serviam como residências reais. Em vez disso, eram predominantemente centros de administração local, onde se realizavam atividades burocráticas e econômicas da sociedade minóica.

Além disso, as práticas religiosas refletem uma civilização profundamente conectada com a natureza e com um panteão de divindades que influenciavam todos os aspectos da vida cotidiana. Embora muito ainda permaneça desconhecido sobre os detalhes específicos dos rituais minoicos, as evidências arqueológicas fornecem uma visão fascinante sobre suas crenças e práticas religiosas.

Desse modo, o trabalho de Evans revelou não só a grandiosidade arquitetônica dessas estruturas, mas também lançou luz sobre a complexidade organizacional e a sofisticação da civilização minoica.

Descobrir exatamente para o que o edifício era utilizado

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A ministra da cultura da Grécia, Lina Mendoni, examina a antiga estrutura em Creta. Imagem: Ministério da Cultura

Enquanto os trabalhos arqueológicos na estrutura prosseguem, os pesquisadores ainda não conseguiram determinar com exatidão a forma completa ou a altura original do edifício. Estudos adicionais estão programados, contando com a colaboração do Ministério do Interior grego e da Autoridade Helênica de Aviação Civil.

O objetivo desses estudos futuros é esclarecer o propósito específico deste misterioso edifício e assegurar sua preservação para que possa ser submetido a análises arqueológicas detalhadas no futuro. A expectativa é que, através dessas investigações contínuas, novas informações sobre a civilização minoica e suas práticas possam ser reveladas, ampliando nosso entendimento sobre esse fascinante período histórico.

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