Mudanças no clima da Terra podem influenciar no derretimento de gelo da Antártica. Modelos climáticos, ou simulações computacionais do clima, que não incluem essas mudanças podem subestimar o impacto no aumento global do nível do mar, diz novo estudo da Universidade Estadual da Pensilvânia.
Apesar da certeza que o aumento da temperatura do planeta causa o derretimento de geleiras, os cientistas ainda procuram saber como a variação no clima altera e acelera esse processo.
Novas projeções consideram variações no clima
O clima muda anualmente, e a meteorologia trabalha com sua média de década, século ou milênios para entender a tendência climática da Terra.
Especialmente na Antártica, o clima é instável e complexo. As correntes oceânicas e mudanças na atmosfera, como precipitações e tempestades que ocorrem no local, devem ser consideradas como flutuações climáticas.
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Dessa forma, a novidade que esse estudo traz é considerar essas variações anuais e decadais do clima na influência dos derretimentos que acontecem na Antártica.
Para estudar essas flutuações climáticas, os cientistas analisaram conjuntos de simulações. Cada simulação começou com pequenas diferenças nas condições do clima. A partir dessas diferenças, as variações aconteceram, causando diferentes respostas climáticas.
Os cientistas aplicaram os dados gerados das simulações em modelos tridimensionais nas geleiras da Antártica. Eles encontraram que condições atmosféricas tiveram maior impacto imediato no derretimento de gelo. No entanto, as condições oceânicas também tiveram impactos que devem ser considerados.
Como resultado final, os modelos que consideraram as variações climáticas tiveram predição extra de aumento no nível do mar entre 7 a 11 centímetros até o ano de 2100. Enquanto os modelos que não incluíam as variações climáticas projetaram aumento entre 27 a 38 centímetros para o mesmo período.
Cada evento climático que acontece na Antártica, como tempestades e furacões, está relacionado a esse aumento extra no nível do mar. Eles podem acelerar o derretimento das geleiras na região, segundo Chris Forest, professor e pesquisador da Universidade Estadual da Pensilvânia.
Maior realidade dos dados traz alerta para cientistas
Por ser um sistema complexo, fazer projeções do clima para o continente Antártico requer milhares de simulações computacionais. Por isso, os atuais modelos testam as mudanças no clima a partir da média de décadas na temperatura.
No entanto, esse processo pode mascarar os resultados quando não considera as variações anuais. E, dessa forma, pode reduzir a média de altas temperaturas que causam o derretimento das geleiras.
De fato, esse estudo mostrou que modelos que não consideraram as mudanças anuais e decadais que acontecem na Antártica atrasaram o recuo das geleiras em até 20 anos e subestimaram o aumento no nível do mar.
Assim, ao incluir as variações anuais e decadais nos modelos, é possível observar mais números de dias quentes que alcançam os níveis de derretimento de gelo.
O derretimento de gelo extra da Antártica previsto nos modelos pode impactar eventos climáticos em toda a Terra, como maior ocorrência de furacões e tempestades. Além de alertar que relatórios e pesquisas sobre mudanças climáticas estão subestimando o aumento global do nível do mar, que pode está aumentando mais rápido que o previsto.