A Voyager 1, sonda lançada em 1977, está a 23 bilhões de quilômetros da Terra. Os cientistas dizem que a sonda está além do nosso sistema solar a essa altura, viajando pelo espaço interestelar.
A Voyager 1 se demonstrou duradoura, com 45 anos de atividade, e permanece enviando dados para a Terra, usando uma tecnologia feita há décadas atrás.
Contudo, no último dia 18, a NASA anunciou que a Voyager 1 tem enviado dados misteriosos. O sistema de controle e articulação (AACS na sigla em inglês) se encarrega de controlar a orientação da espaçonave, apontando sua antena para a Terra e controlando a postura das manobras.
Mas agora o AACS enviou dados que não refletem o que está ocorrendo a bordo da Voyager 1. A NASA explica:
“[…] Os dados parecem ter sido gerados de maneira aleatória, ou não refletem de nenhuma forma possível o estado em que o AACS poderia estar”.
O estado atual da Voyager 1
De maneira geral, a Voyager 1 ainda parece estar funcionando corretamente, coletando e enviando dados científicos para nós. Além disso, continua recebendo e executando comandos da Terra, ainda que, devido à distância, se leve quase dois dias para enviar uma mensagem e receber uma resposta.
Mas, como ainda mantemos comunicação com a Voyager 1, sabemos que sua antena continua apontando para o nosso planeta, independente do mistério envolvendo as leituras dos dados de telemetria.
A NASA disse que “a equipe vai continuar a monitorar de perto o sinal enquanto continua a determinar se os dados inválidos estão vindo diretamente do AACS ou de outro sistema envolvido em produzir e enviar dados de telemetria. Até que a natureza do problema seja compreendida, a equipe não pode prever se isso poderia afetar até quando a espaçonave será capaz de coletar e transmitir dados científicos”.
A comunicação interestelar
A Voyager 1 é o objeto feito por humanos mais distante da Terra até hoje. Com um sistema trabalhando tão longe assim – e que foi feito há décadas atrás – há muitos desafios envolvidos, indo além da lentidão comunicativa.
Suzanne Dodd, gestora de projeto da Voyager 1 e 2, comentou:
“Um mistério como esse é parte do curso nesse estágio da missão Voyager. Ambas as espaçonaves têm quase 45 anos de idade, o que é muito mais do que os planejadores da missão anteciparam. Nós também estamos em espaço interestelar agora: um ambiente de alta radiação, para onde nenhuma espaçonave viajou antes. Então há alguns grandes desafios para a equipe de engenheiros. Mas eu acredito que, se há uma maneira de resolver esse problema com o AACS, nossa equipe vai descobrir qual é”.
Depois que a equipe identificar a fonte do problema, os engenheiros poderão resolver a questão através de mudanças no software, ou usando um dos hardwares antigos da espaçonave. Todavia, se não puderem, talvez tenham apenas que se adaptar às discrepâncias.
A Voyager 1 já encontrou obstáculos antes. Em 2017, os propulsores primários da espaçonave estavam demonstrando sinais de desgaste. Os engenheiros mudaram para outros propulsores, que tinham operado durante os encontros planetários da missão, há 37 anos.
É um outro exemplo da longevidade surpreendente da sonda, assim como do seu design engenhoso.