Provas raras da crucificação romana são encontradas na Grã-Bretanha

Letícia Silva Jordão
Imagem: Albion Archaeology

Pesquisadores encontraram na Grã-Bretanha o esqueleto de um homem de 25 a 35 anos que morreu vítima de uma crucificação romana. A constatação foi feita a partir do encontro de um prego cravado no osso do calcanhar, representando um dos poucos vestígios físicos desse antigo castigo.

Segundo David Ingham e Corinne Duhig, os pesquisadores envolvidos na descoberta, atualmente conhecemos bastante sobre a prática da crucificação romana a partir de relatos históricos. Mas esse esqueleto é a primeira evidência tangível para ver como ela funcionava.

Esqueleto encontrado mostrou evidências da crucificação

Em algum momento entre 130 e 360 d.C. esse homem acabou sendo morto pela crucificação romana, e agora encontrado durante uma escavação que estava sendo realizada antes da construção na vila de Fenstanton, em 2017.

O assentamento de Fenstanton da era romana possuía um grande edifício com um pátio formal. A equipe de pesquisadores encontrou diversos artefatos, como broches esmaltados e cerâmica decorada com ossos de animais do local, que podiam representar uma oficina, onde os ossos eram utilizados para fabricação de sabão ou velas de sebo.

No local, os pesquisadores encontraram cinco pequenos cemitérios que continham os restos mortais de 40 adultos e 5 crianças. A maioria dos corpos possuía sinais de uma vida difícil, com evidências de doenças dentárias, lesões físicas e malária, o que indicariam que eram pessoas escravizadas.

crucificacao romana
Imagem: Albion Archaeology

O esqueleto encontrado estava em bom estado de preservação, sendo possível examinar melhor as evidências que ele possuía, como costelas fraturadas por golpes de espadas e sinais de infecção ou inflamação possivelmente causadas por ataduras e grilhões.

“A feliz combinação de boa preservação e o prego sendo deixado no osso, me permitiu examinar este exemplo quase único quando tantos milhares foram perdidos” disse Corinne Duhig em um comunicado.

Próximo ao corpo do homem, foi encontrado uma tábua de madeira que tinha 12 pregos que a rodeavam, o que indica que eles foram retirados depois que ele foi removido da cruz. Também havia um recorte menor próximo ao calcanhar do homem, o que sugere que tentaram pregá-lo na prancha, porém não obtiveram sucesso.

David Ingham disse ainda que os ossos dos homem eram mais afinados, o que poderia indicar que ele foi acorrentado em uma parede por um longo período de tempo antes de ser enfim crucificado.

Crucificação romana era uma prática vergonhosa de execução

Evidências arqueológicas de crucificação como essa são raras, pois as vítimas não recebiam um enterro adequado e muitas vezes, a crucificação romana utilizava cordas no lugar dos pregos para amarrar o condenado à cruz.

A prática da crucificação romana iniciou na Pérsia, entre 300 e 400 a.C. Na época, a crucificação era vista como uma forma vergonhosa de executar uma pessoa, sendo normalmente aplicado em escravos, cristãos, ativistas políticos, estrangeiros e soldados desafortunados. As vítimas levavam de três horas até quatro dias para morrer, sendo que a causa geralmente era por asfixia, perda de fluidos corporais e falência dos órgãos.

A pesquisa da equipe sobre o esqueleto vítima da crucificação romana segue sendo feita, e estima-se que as descobertas dela serão publicadas em um jornal acadêmico no próximo ano.

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